The Dillinger Escape Plan

One of Us Is the Killer
2013 | Sumerian Records | Mathcore, Post-Hardcore

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Com cinco álbuns de originais e mais de quinze anos de carreira, os Dillinger Escape Plan são daquelas bandas que ainda não deram um único tropeção com o lançamento de um novo álbum e, em vez disso, lançam mais um para ser discutido se é o seu melhor ou não. Conquistaram o mundo – ou parte dele – com as suas descargas hiperactivas e composições matemáticas, como não se vê mais ninguém a fazer. Até hoje é o que ainda fazem, apenas amadurecendo cada vez mais. Mas sempre soando a DEP, no melhor do sentidos. E em “One of Us Is the Killer”, abençoadas sejam as contradições: a banda faz exactamente aquilo que estávamos à espera, que era ser imprevisível.

É mais um passo no avanço do grupo que já não precisa de fazer novos experimentalismos. Apenas saber como limar as arestas dos experimentalismos antigos – que nunca foram poucos – e fazer um trabalho maduro mas igualmente caótico. A entrada a pés juntos que é a introdutória “Prancer” já nos traz a mensagem de que este é mais um disco cheio de raiva, riffs matemáticos e uma energia inigualável. E não tarda muito e chega a faixa-título, vestindo o seu colete pop, a abrandar o ritmo para nos dar uma faixa calma e um refrão de se instalar no ouvido e de lá não sair mais – a “Black Bubblegum” ou “Unretrofied” cá do sítio. Até seria a melhor faixa se as outras não fossem também tão geniais.

É Dilinger Escape Plan de uma forma muito resumida e o disco ainda só está no início. Por aí fora se estende sem necessitar de encher chouriço e com a oferta de muito mathcore – se assim lhe quiserem chamar ao género – para abanar o pescoço, mesmo com alguma dificuldade, não fosse tanta a irregularidade dos riffs. “Hero of the Soviet Union” deve ser o mais explícito estalo furioso e logo a seguir chega o simpático refrão de “Nothing’s Funny”, uma das mais inesquecíveis faixas de todo o registo. E temas posicionados um ao lado do outro. Mas toda a música deles é assim e sempre foi. A agressividade e descontrolo do seu som consegue sempre achar uma fenda para entrar nos temas mais acessíveis, assim como a suavidade de uma melodia convidativa arranja como se meter no meio do caos e da guerra sem parecer descabido. E isto não é nenhum mash-up, nem nenhuma colagem humorística como fariam uns Iwrestledabearonce, já conhecemos bem os Dillinger Escape Plan e a forma como fazem isto com a maior das naturalidades, com a mais bela das composições e da forma mais coesa. Sempre assim o foram e em “One of Us Is the Killer” é possível que só o façam melhor ainda.

Há grandes canções, há fusões de géneros, existe sempre um riff a zumbir com a marca sonora do guitarrista Weinman em todo o lado, abraça-se a influência do génio de Mike Patton que já por lá andou, quer seja na voz de Puciato quando não está a intimidar-nos aos berros – mesmo que o Sr. Patton também saiba dar asas à goela das formas menos acolhedoras – quer na “esquisitice”, e há, principalmente, muita razão para que se ache que os The Dillinger Escape Plan estão bem de saúde e a liderar um género que acaba por ser o deles próprios – as comparações aos Converge ou aos “falecidos” Botch por vezes são inevitáveis, mas são escusadas.

Não há muito mais a dizer, mesmo que haja muito a ser dito/feito ao longo de todo o disco. Mas poderá ficar a questão: conseguirão alguma vez os Dillinger Escape Plan lançar um álbum pobre? Para já, a questão fica a aguardar resposta porque “One of Us Is the Killer” é mais um lançamento que constará entre os melhores e mais memoráveis do ano.


sobre o autor

Christopher Monteiro

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