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O homem da rádio, o druida Tiago Castro, lançou-se em finais de 2014 na aventura cósmica que é Acid Acid e o primeiro ano foi intenso, com concertos um pouco por todo o país. Durante 2015 gravou na casa da Joana e Tiago no Intendente, na casa da Sara e Tiago na Penha de França e no sótão da SMUP na Parede aquele que viria a ser o seu álbum de estreia, lançado com selo da Nariz Entupido, agora explicado aqui faixa a faixa pelo próprio.
A primeira parte do disco nasce de várias ideias melódicas gravadas ao longo dos últimos anos e que existiam em formato de demo caseira. Algumas ideias transitaram para a primeira peça de Acid Acid a ser tocada ao vivo, um instrumental de 30 minutos e que deu origem à edição CDR gravada em concerto no Sabotage Club no Cais do Sodré.
Quando o álbum foi idealizado, fiz um regresso às demos, aos longos instrumentais perdidos no disco rígido do computador. Juntamente com o produtor Tiago Raposinho, arrumámos as ideias, alinhando os diferentes instrumentais de forma a tornar-se num único tema.
Foi um desafio que deu muito trabalho e muitos meses de gravação, muitas discussões, mas também muita alegria ao ver a peça musical a ganhar corpo. As diferentes partes alimentam-se umas das outras, sempre de forma fluída. O Tiago Raposinho é o grande responsável por ajudar a traduzir a minha imaginação em realidade, tanto na primeira como na segunda faixa.
Nesta primeira parte, as sequências com órgãos espaciais dão origem a linhas suaves de guitarra e daí saltam para momentos mais exóticos. Depois de um órgão hipnótico já a meio da faixa, com vários arranjos a surgir lentamente, a música passa para um pulsar rítmico marcado pelo baixo, várias percussões, órgão psicadélico e guitarra etérea. E é com esse ritmo constante que a primeira parte termina, quase a pedir, a quem ouve, para ficar no chão de ouvidos atentos ao que virá a seguir.
A segunda parte nasceu na preparação de um concerto, quando decidi acrescentar mais sequências à peça que já andava a tocar. Mas a partir daí imaginei algo mais ambicioso, uma sequência mais longa, numa espécie de mantra, música contínua e orgânica, como se se tratasse de uma meditação.
O tema arranca com um drone, com ruído em crescendo e por onde se podem ir ouvindo guitarras etéreas a entrelaçar em todo o noise. Depois surge uma linha de guitarra, uma melodia que pretende abrir caminho para a sequência seguinte. O solo da guitarra termina para deixar todo o ruído de fundo receber as percussões exóticas do Baltazar Molina, que convidei de propósito para esta sequência. A repetição rítmica e melódica dá ênfase à vontade em criar um mantra, sempre num crescendo, com um órgão psicadélico pelo meio e guitarras com feedback. Tudo acalma por fim, com uma sequência, nas teclas, que surgira na primeira parte, fechando de certa forma o ciclo.
A segunda faixa foi gravada na SMUP na Parede com a ajuda do Tiago Raposinho e do Pedro Barceló, que viria a misturar e masterizar o disco. O sótão da SMUP foi o local perfeito para captar as percussões do Baltazar e todo o drone em crescendo, em volumes não recomendáveis aos mais sensíveis.
No final, os dois temas, apesar de diferentes, acabam por se complementar. Seja pela vertente da repetição melódica ou rítmica, por partilharem uma sequência de órgão ou simplesmente pelo sentimento que percorre todo o disco, o de tentar levar quem ouve os temas numa viagem quase transcendental.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)