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À vigésima terceira edição do festival, o queixume habitual de que, nos dias que correm, o Super Bock Super Rock de rock só leva o nome já cansa um pouco. Atentem nisto por favor, construir um cartaz apenas em torno de um estilo musical, sobretudo se falarmos de um festival com a dimensão do SBSR, não faz qualquer sentido. Até porque a realidade é esta: se esquecermos as bandas habituais, há muito pouca gente a fazer coisas interessantes no rock actualmente. Mas os que o conseguem, fazem-no à séria e os Stone Dead deram ontem um banho de puro rock como o festival há muito não via.
Debaixo do sol inclemente, ao final da tarde deste último dia de festival, era difícil perceber se o suor, que nos escorria pelo pescoço, era devido ao calor ou ao furacão que os quatro rapazes de Alcobaça desencadeavam à nossa frente, no palco LG. Reza a história que tudo começou quando Jonas Gonçalves e Bruno Monteiro acharam que seria fixe aprender a tocar, guitarra e bateria respectivamente. Daí até chegarmos a Good Boys, o seu longa duração de estreia, é o percurso natural para as bandas que se conseguem destacar justificadamente, no meio do marasmo musical, que nem sempre tem muita coisa nova interessante para oferecer.
Subir ao palco de um dos maiores festivais do país não parece intimidar de todo os quatro rapazes de Alcobaça. O seu som pode ser rock mas a atitude é daquela punk, sem qualquer vergonha na cara. O seu público encontra-se naquela bonita fase de crescimento, feito de fãs ferrenhos e de curiosos que em breve estarão convertidos. De repente, os gritos histéricos de uma rapariga, que irrompem a meio do concerto, até nos fazem por momentos crer que se trata de alguma groupie mais entusiasmada, mas afinal era só alguém que não mediu bem a coragem, antes de experimentar o salto radical, instalado ali ao lado do palco. Ainda assim, não temos dúvidas de que se os Stone Dead tivessem surgido nos idos 60, levariam atrás de si uma turba de adolescentes em delírio com o seu rock’n’roll.
Uma nota também a todas as pessoas que não conseguiram bem perceber se a imagem do puto com ar de traquina ao fundo do palco, capa de Good Boys, vos estava mesmo fazer caretas ou se foi alguém que vos meteu ácidos na cerveja. Descansem que a pedrada era grande sim, mas era outra, era a de uma dose industrial de rock que vos despejaram em cima.
A cada pausa entre músicas os gritos da plateia fazem-se ouvir pelas colunas. Temos sérias dúvidas de que a bateria de Bruno Monteiro ou o seu macacão de operário laranja (defendemos que esta tendência dos macacões, de que também Kevin Morby nos mostrou ser fã, terá sido iniciada por Ty Segall) cheguem intactos até ao fim. Pelo sim pelo não, vamos ficar para ver. E o fim aproxima-se rápido, como quase sempre quando se vive um bom momento. Sabemos que encores é um luxo raro em festivais, mas os Stone Dead bem que mereciam um, mais não fosse para a rapariga que ao nosso lado exclamou desolada “olha já acabou… foda-se!”.