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John Wick: Chapter 2
Título Português: John Wick 2 | Ano: 2017 | Duração: 122m | Género: Acção
País: EUA | Realizador: Chad Stahelski | Elenco: Keanu reeves, Ian McShane, Common

John Wick perdeu o cão, a mulher e o carro, não necessariamente por essa ordem, mas duas dessas coisas ele não pode recuperar. Quando o encontramos novamente neste segundo capítulo, ele está a terminar aquilo que começou no primeiro filme com o resgate do carro que tanto amava. Despachado este assunto, ele pensava que a vida de assassino a soldo estava mais do que terminada, mas o responsável pela reforma veio cobrar um favor irrecusável, devolvendo-o à vida de violência que ele tanto negava. O que se segue é uma ópera de violência carregada de estilo e que não aspira a ser real, simplesmente divertida.

Em todos os aspectos, este segundo capítulo da saga John Wick, cumpre com o prometido sem envergonhar o filme original. Em vez de repetir a fórmula, constrói em cima do mito estabelecido e aumenta a escala de um mundo com regras muito próprias. É o mesmo que entrar um parque de diversões e querer começar pelo carrossel mais calmo para aumentar a intensidade da experiência a cada nova diversão que passa. A história é credível o suficiente para justificar o regresso da personagem e as cenas de acção são das melhores que o cinema norte-americano já produziu em tempos recentes. Não há câmaras irrequietas que escondem a inaptidão física dos actores, tudo é filmado com a distância necessária para ver duas (ou mais) pessoas em combate sem sofrer enjoos ou dores de cabeça, mas outra coisa não seria de esperar de um realizador que até há bem pouco tempo era duplo de cinema. Este olho para a acção não descuida a estética que envolve tudo o resto. O filme tem um aspecto extremamente cuidado que não esconde as influências de alto gabarito, especialmente o cinema oriental de John Woo e os westerns italianos de Sérgio Leone, com piscares de olho óbvios, mas que não distraem de apreciar o filme como uma obra verdadeiramente original.

É engraçado que Keanu Reeves seja o protagonista de dois dos franchises de acção mais inventivos dos últimos 20 anos, mas não é nenhum acaso. Se pensarmos que a sua estreia enquanto realizador foi com um filme de artes-marciais, sabemos que são escolhas deliberadas para um género que o atrai como formiga para o açúcar. Este filme não esconde as meta-referências e junta de novo Keanu a Laurence Fishburne. Não é um papel relevante, mas não deixa de ser divertido assistir a um diálogo que poderia muito bem sair das bocas de Neo e Morpheus. Quanto ao resto do elenco, não me posso poupar nos elogios a Common, que conseguiu criar uma personagem merecedora de um spin-off próprio, digna de ser o eterno antagonista do nosso herói. Todas as deixas são dadas com o peso de um Clint Eastwood nos anos 1960s e as proezas físicas foram estudadas para não envergonhar a mais reconhecida estrela de acção. A personagem que se elevou mais em destaque do primeiro filme para este foi a de Ian McShane, penso que ninguém se pode importar com isso, bem pelo contrário. É um actor que aumenta em muito o gabarito de qualquer produção em que participa, mesmo quando esta não é merecedora dele.

Em suma, John Wick: Chapter 2 é a experiência de acção mais divertida que podem encontrar agora nas salas de cinema. São duas horas repletas de acção inventiva e bem filmada, aliadas a uma história que não se leva demasiado a sério e que tem noção do seu lugar no mundo da sétima arte.


sobre o autor

Jose Santiago

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