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Para começar, temos que perguntar uma coisa: Mas que raio é isso do post-rock? Num Mundo ocidental globalizado faz tanto sentido falarmos nestes rótulos como em achar importante qual a orientação sexual da pessoa que se senta ao nosso lado. Mais essencial do que esses pormenores é saber o que pode essa pessoa dar-nos e nós, consequentemente, retribuirmos, para o Mundo ser um lugar melhor. Os Mogwai oferecem música, não interessa de que tipo. A nós basta-nos permanecer deste lado, a ouvir. É fácil, afinal.
Rave Tapes é uma das melhores coisas deste arranque de 2014. Sem dúvida alguma. Este ano até nos está a dar quantidades aceitáveis de música boa e é impossível que os escoceses não entrem nesse rol.
Pegando nesta mesma palavra, rol, que a mim dá-me sempre vontade de comer um gelado, o que Rave Tapes nos oferece é isso mesmo, um rol de canções boas e nas suas extremidades, leia-se início e fim, encontram-se os melhores trechos. O disco entra a todo o gás com três temas absolutamente incríveis: Heard About You Last Night, Simon Ferocious e Remurdered. Há aqui um dado bem atual: os teclados declaradamente vincados. Não que seja propriamente uma novidade no seio do grupo, mas parece que neste disco assumem uma preponderância nunca antes vista. Só que não se pense que os Mogwai perderam essência. Nada disso. Os outros instrumentos continuam lá. E de que maneira.
Os Mogwai têm todo o direito em quererem agitar as águas da sua tática vencedora, principalmente se o fizerem bem. Hexon Bogdon e Repelish fazem a sequência perfeita após três temas arrebatadores e, arrisco-me a dizer, que já valiam bem o disco. Master Card é talvez o primeiro momento menos bom. E sim, já passámos o meio e só a primeira das últimas é menos conseguida. Deesh, por incrível que seja, é a melhor faixa do disco. Uma delicadeza feroz ou um leve peso-pesado. Uma dicotomia que nos consome e faz pensar: quantas vezes vai o meu coração explodir no Primavera quando eles tocarem isto?
Essa questão, para mais tarde comprovar (se sobreviver, não é, amigos?) adensa-se pelas vozes doces de Blues Hour, no brilhante No Medicine for Regret e fecha com chave de ouro na olhem-para-mim-que-sou-tão-bom-single The Lord is Out of Control, onde há um agradável regresso do vocoder.
Mogwai a serem Mogwai. Basicamente este disco faz-nos lembrar os primeiros grandes tempos, ainda que com dados novos, e recorda-nos do porquê de ser esta uma banda de culto incapaz de nos enganar, mesmo quando achamos que a época de ouro já lá vai. Eles aqui estão. Os seus riffs arrastados e repetitivos, os teclados que tão bem assumem o papel principal, a delicadeza de ser duro e de provocar o mais frio dos reis do norte. Há que não os perder de vista…
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)