//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
O primeiro EP dos Medusa foi hoje editado e é composto pelos seis temas que Bruno Sílvio Martins, o guitarrista e vocalista deste trio, descreve em baixo. Nada melhor que ficar a conhecer um pouco mais da história de cada uma destas faixas enquanto as vão ouvindo pela primeira vez.
Com um riff poderoso, constante e cíclico, é a faixa de abertura do EP e a mais politicamente incorrecta. A letra é uma crítica social à apatia da geração das redes sociais, com especial destaque a uma postura ética anti-tourada da banda. Musicalmente é uma mistura de stoner rock com uma brigde pronta a ser ecoada em grandes festivais. Os coros distantes soam a uma multidão em uníssono e as guitarras etéreas cheias de delays acentuam o ambiente espacial. Final completamente alucinante onde a batida e a voz se tornam avassaladoras.
Onde o prog rock entra em cena. Riffs em tempos quebrados durante as estrofes e bridges aliados a uma bateria complexa. Um crescendo de tensão que só explode nos refrões, onde se tem a sensação de se respirar finalmente depois de suster a respiração por muito tempo debaixo de água. Aí, a melodia reina na voz. Com uma carga emocional perturbadora, esta recita as palavras que colam perfeitamente aos acordes que mais se assemelham a uma valsa. Liricamente é uma ode ao Artista, à partilha de emoções que se formam na colaboração entre aqueles que fazem da Arte a sua paixão. Aos clandestinos que preferem seguir o seu caminho juntos numa estrada insegura do que percorrer a banalidade da segurança.
Com uma estrutura pouco típica, esta música caracteriza-se por ter um refrão instrumental, onde as orquestrações tomam o lugar da voz para levar a melodia ao ouvinte. As estrofes são cruas, com um falso minimalismo que esconde um trabalho de guitarra lead num despique melódico entre a esquerda e a direita. As bridges trazem de novo o prog rock com quebras de tempo onde a voz e a guitarra lead lutam por um lugar de destaque melódico. Termina com as orquestrações mais uma vez a levarem o ouvinte numa gradação intensa até ao final em apoteose. Liricamente é uma história contada na terceira pessoa que observa as semelhanças e as vicissitudes de uma criança sem abrigo e um cão abandonado.
É a faixa mais ambiental do EP. Um loop de bateria hipnótico é a constante num sem número de delays espalhados do baixo à guitarra que se cruzam aleatoriamente num descontrolo dissimulado. A voz não é excepção e entra nesse jogo de repetições “ad infinitum”, mas destacando-se imediatamente nas primeiras palavras cantadas. Esta ambiência espacial só dá lugar, após um crescendo intenso, a uma explosão de guitarras distorcidas já perto do final, como se de um Terceiro Acto se tratasse. E usando a mesma analogia teatral, o Epílogo é o retorno breve ao loop inicial onde tudo acaba como começou. No que diz respeito à letra, é mais uma breve história, mas desta vez contada na primeira pessoa, onde acontecimentos inesperados trazem toda uma magia a uma noite estrelada.
A voz grita mais alto que o rasgado riff progressivo. As palavras são atiradas com violência de forma a exorcizar demónios antigos de quem sofreu calado. É talvez a faixa liricamente mais desconcertante, mas aquela que mais facilmente nos identificamos visto todos termos esses demónios para expulsar. Musicalmente, tal como a Menino Cão, também esta é pouco convencional. Não há um refrão que se repita ao longo da música, mas há toda uma secção onde a mesma frase é repetida até ao fim dando a ilusão de refrão, apesar de na realidade não aparecer antes. É a música mais pesada do EP.
A faixa final. Um épico com mais de seis minutos que encerra o EP duma forma desconfortável mas contraditoriamente reconfortante. O baixo pulsante e ambiental é a figura chave instrumental na qual a voz angustiada se expressa. Varia entre dois extremos, o calmo (estrofes) e o explosivo (refrões), mas a intensidade emocional é igual em ambos os momentos. As guitarras acompanham essa dicotomia, nas estrofes com dedilhados longínquos e nos refrões com uma distorção tão angustiada como a voz que berra a plenos pulmões. Termina nesse registo agressivo, com um teclado igualmente distorcido que aumenta exponencialmente o clima de angústia que só nos liberta quando o acorde final se cala abruptamente. Liricamente lida com o tema da ideia distorcida que temos de nós próprios fisicamente e como esse estado psicológico se agrava na presença de outrem.
“Monstrologia (Lado A)” foi hoje editado digitalmente e está disponível na maior parte das plataformas digitais para download e streaming (Spotify, iTunes, Amazon, Rhapsody, iHeartRadio, YouTube Music, Google Music Store, Tidal, etc.).
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)