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Só passaram vinte-e-qualquer-coisa dias desde o início de Janeiro, mas este é o ano de Vertikal. É um disco conceptual, pesado e sombrio, e é a jóia que faltava numa coroa construída a partir de uma carreira muito rica, mas que encontra aqui o seu auge. Com este novo registo, os suecos Cult of Luna superaram-se e afirmam-se como uma das melhores bandas da actualidade. Se dúvidas surgiram após o lançamento de Eternal Kingdom, qualquer uma delas deverá dissipar-se aos primeiros segundos de The One, faixa que serve de introdução ao novo disco.
Vertikal cola-se à pele, e ainda bem que assim o é porque há demasiadas coisas para descobrir com apenas uma audição. Este é um disco para ouvir uma e outra vez; contemplar os magistrais riffs de guitarra, os berros de Persson e Kihlberg. Admirar este álbum é sentir a alma a dilacerar-se algures entre os épicos 20 minutos da magistral Vicarious Redemption ou a perturbadora Passing Through, faixa que encerra em lágrimas esta magnífica obra prima.
Vertikal é apoteose, é viagem por trilhos mais obscuros onde nos saberá tão bem vaguear inúmeras vezes. Faixas como In Awe Of ou Synchronicity são hinos, tão perigosamente claustrofóbicos, culpa das guitarras, tão cruas, fortes e maquinais, que se apoderam de quem está do outro lado. Mas o motivo é a base do disco, inspirado num filme capaz de causar o mesmo efeito: Metropolis (1927) de Fritz Lang, que se passa numa cidade onde a sociedade se divide em dois grupos: o proletariado e os administradores, até que as coisas mudam quando o filho de um senhor poderoso se apaixona por uma pobre trabalhadora, membro da classe a quem poucos direitos assistiam. A homenagem prestada por Cult of Luna é justa e executada com mestria.
Valeu a pena esperar cinco anos por algo tão magnífico. É sempre uma honra podermos estar vivos e com abertura de espírito suficiente para receber e desfrutar de um disco que se apodera de nós de forma inexplicável.