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Há casos de bandas em que não se requer que se lhes mude muito a receita. Os Dying Fetus são um dos grupos que têm a sua receita mais ou menos fixa mas que vão alterando uns ingredientes aqui e ali. As suas diferentes passagens ao longo da carreira, em diferentes trabalhos, distinguem-se pelo factor que reivindica a supremacia sonora a cada álbum: ora se debruçam mais sobre o “groove”, ora se fixam na brutalidade directa dos riffs, ora nos oferecem um arremesso de guitarradas técnicas de deixar qualquer um de olhos trocados.
Toda essa fórmula vai favorecendo os Dying Fetus no sentido em que é difícil haver algo que os fãs desgostem realmente neles, havendo apenas preferência por umas coisas mais que outras. Em “Reign Supreme” parecem ter-se debruçado um pouco sobre todos os factores anteriormente enumerados e o resultado é um disco de uma qualidade surpreendente, incapaz de desagradar até ao menos dedicado fã. Não só porque tem um pouco de tudo o que se associa aos Dying Fetus num balanço perfeito e delicioso, mas também porque não há forma de se deixar para trás um dos melhores e mais fortes petardos de Death Metal do ano.
Há a parte mais bruta e violenta num descarregar de raiva em riffs que prometem torcicolos e nódoas negras, e que os aproximam mais do Grindcore. Quem salivar por estes riffs, tem aqui muito material para apreciar, já que todas as canções se erguem sobre o alicerce desse riff, com muita melodia brutal diferente para se desfrutar. Nesses riffs também reside a parte mais “groove” da banda, que os transporta de volta há uns anos atrás, quando era isso que mais prevalecia na sua sempre agressiva música. A regar tudo, acrescenta-se umas passagens de guitarra e solos técnicos, sempre com a mesma velocidade e insanidade com que queremos ouvir aquelas notas e acordes hiperactivos.
Não existe também nenhum pecado a apontar ao trabalho vocal. É o dueto habitual entre os vocais guturais mais profundos, imperceptíveis, e os mais berrados. Essas vozes transportam letras que tanto são mais insensíveis e se debruçam no tema da carnificina que reside na alma do Death Metal, como descarregam raiva política e crítica social – há que destacar uma faixa como “From Womb to Waste” e o seu tema directamente relacionado com o nome da banda e a sua perturbadora introdução à qual é impossível ficar indiferente. E para ter a certeza que todos brilham nesta banda, a bateria deste tema apresenta-se maníaca e demoníaca .
Tantos bons factores juntos demonstram que para os Dying Fetus, a idade não parece trazer travões. E demonstram também a capacidade do lendário grupo em conceber um álbum tão completo e tão abrangente no espectro inteiro daquilo que a banda sempre soube fazer: tão agressivo, tão técnico e, de uma forma mais doentia, também tão melódico. Este álbum é como se fosse uma carga de porrada que dá gosto levar. Com “Reign Supreme” cimenta-se um legado que já existia, supera-se de forma inequivoca o anterior registo “Descend into Depravity” e lembra-se porque é que os Dying Fetus são das maiores e mais completas bandas de Death Metal, lançando um dos maiores e mais brutais álbuns do mesmo género em tempos recentes. Se é o melhor álbum dos Dying Fetus? Isso dependerá de gostos pessoais, e fica para reflectir, enquanto se recupera do mau jeito que se deu ao pescoço…