Änglagård

Viljans Oga
2012 | Änglagård Records | Rock Progressivo

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Para muitos, o rock progressivo é a música do intelecto. Para outros é uma nostálgica memória dos bons tempos da década de 70 quando o género emergiu num estrondo de originalidade, afluência e notoriedade histórica. Actualmente é um género abordado de inúmeras maneiras, seja envolto em modernismo ou com o tom clássico como apelo àqueles velhos fãs saudosistas.

Foi no início da década de 90 que existiu na Suécia uma nova onda de prog-rock ao estilo do que se fazia duas décadas antes e onde se podem distinguir como protagonistas estes extraordinariamente talentosos Anglagard, que ignorando qualquer tipo de obstáculo comercial, lançaram-se a um mundo que quase só queria saber de grunge e, através de pouco mais que mensagem de boca a boca, conseguiu fazer-se um grupo influente, surpreendendo todos os fãs do estilo em 1992 com “Hybris” e em 1994 com “Epilog”. Mas como aparentemente não eram surpresas suficientes, eis que 18 anos depois, quando se pensava que já não havia mais Anglagard, somos presenteados com “Viljans Oga”, um promissor terceiro álbum.

Seguindo a linha instrumental de “Epilog”, o grupo sueco volta a dificultar-me a vida na parte da escrita – e não na parte auditiva – quando colocam à vista mais um disco tão difícil de descrever. A escola da banda ainda é evidente e os traços de actos como Yes, King Crimson, Genesis, Van der Graaf Generator ou até Pink Floyd ainda se encontram aqui sublinhados pelo meio da identidade sonora própria do quinteto sueco.

São apenas quatro faixas que se encontram aqui e nenhuma delas anda abaixo dos 10 minutos – a mais curta tem 12 – e no entanto a fluência das composições, as harmonias, mudanças, melodias dóceis, estruturas de música clássica e variação de sonoridades e estilos fazem com que nem se note a longevidade dos temas, tornando-se em uma entusiasmante viagem imprevisível, tanto no tempo como no espaço, já que somos levados para umas décadas anteriores – no meu caso muito antes de ter nascido – e porque isto é capaz de nos levar a sítios mágicos onde nunca estivemos e certamente nunca estaremos.

Música incrivelmente bem composta e com uma continuidade tão fluente que nem damos pela falta da voz. Não existe propriamente um vocalista mas os instrumentos cantam, e nestas composições com o acústico como base, não há como não louvar os excelentes solos de guitarra que se sobrepõem a essas bases, o esplêndido trabalho de flauta da talentosa Anna Holmgren que consegue comandar várias das passagens, teclados de múltipla personalidade capaz de revestir as canções de diferentes sons sejam eles folclóricos, de circo, clássicos e por vezes até com um cheirinho subtil de electrónico.

Não se nota a falta de voz assim como a longa duração do álbum no seu total ou de cada faixa – apesar deste disco funcionar em melhor perfeição sendo ouvido como um todo. Quantos “já chega” terão ouvido várias bandas progressivas por alegadamente perderem tempo no meio das canções para as encher e prolongar, nalgum momento de baixa inspiração? Os Anglagard são um exemplo de uma banda que pertence ao prestigioso grupo que desconhece tal.

De uma maneira muito geral e para resumir e concluir, pode-se dizer de forma muito simples que este disco é uma maravilha. Pode ser uma ferramenta de relaxamento, pode ser um companheiro de viagem, pode ser uma hora bem agitada se o abordarmos de uma forma diferente. E podemos ouvi-lo inúmeras vezes que encontramos sempre um ponto diferente onde focar. O mais certo é que muito fã de rock progressivo que se preze vá incluir este “Viljans Oga” entre os álbuns do ano.


sobre o autor

Christopher Monteiro

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