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2011 ainda mal começou e, fora os Radiohead, grandes bandas e outras que geram grande hype em seu torno ainda nos mantêm em antecipação, mas desde já arrisco dizer que The King Is Dead é o álbum pelo qual se irá medir a qualidade dos álbuns que ainda estão por surgir e não será surpresa a sua presença em alguns dos tops de melhores álbuns do ano.
Não querendo induzir em erro, desengane-se o leitor que procura nestas linhas a confirmação de que The King is Dead segue as pisadas do seu antecessor, não entre também em pânico que o resultado, ainda que inesperado, é mais que satisfatório. Muito mais.
Hazards of Love lançado em 2009, foi pesado, complexo, a roçar o prog-rock com laivos operáticos e nas suas 17 faixas imperavam as longas narrativas de dramas amorosos entre uma mulher e uma criatura da floresta. The King Is Dead é, neste sentido, um trabalho de reacção optando por uma abordagem mais directa e pop em cada canção, sempre com a impressão digital da música country e folk presente.
O álbum abre com Dont Carry It All , folk da cabeça aos pés, algures entre Bob Dylan e Tom Petty, sempre com a harmónica bem presente a dar a cada verso uma toada mais empolgante e épica. De resto é notória a presença de instrumentos, como o violino e o acordeão, que vão entre si dividindo protagonismo com as guitarras.
Paira ao longo de todo o álbum uma aura quase campestre, de pacifismo, temáticas melancólicas, melodicamente alternando entre compassos mais lentos e ritmos entusiastas. Desde a mais “bluegrassy” Calamity Song às mais folk e introvertidas Rise to Me, January Hymn e June Hymn.
Rox in a Box, This Is Why We Fight e All Arise trazem-nos à memoria paisagens de um qualquer Western a preto e branco e dão um novo colorido à musica western e americana acrescentando uma vertente de blues.
Down by The Water , escolhida como single, acaba por resumir e concentrar todas as influências presentes no álbum, os já referidos Tom Petty e Bob Dylan e ainda Neil Young, Warren Zevon e os R.E.M., estes últimos sendo talvez a referência mais presente, não estivesse Peter Buck directamente envolvido em três das canções (Don’t Carry It All, Calamity Song, e Down By the Water), e é de longe a que possui um refrão mais contagiante e trauteável.
A fechar, Dear Avery, em modo balada semi-acústica vai taciturna e vagarosamente desenvolvendo-se num final de álbum terno e esperançoso, uma canção country que vai beber à pop para um resultado mais apelativo.
The King Is Dead será talvez o álbum menos intelectualmente desafiante na bagagem dos The Decemberists, que já conta seis álbuns. Não sendo menos interessante é natural que fãs mais antigos torçam o nariz com este novo rumo, por outro lado servirá como convite a novos públicos a descobrirem a discografia do colectivo de Portland que daqui para a frente verá novas oportunidades surgirem no horizonte.