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O NOS Primavera Sound está aí ao virar da proverbial esquina e nós sabemos o quão difícil é decidir o que ir ver. Corremos o cartaz de fio a pavio e o difícil foi encontrar uma banda ou artista que não esteja a surfar o ímpeto de algum tipo de hype.
Mas difícil e impossível não são a mesma coisa, e para ajudar quem não sabe o que fazer com o avassalador manancial de escolha, aqui está uma lista dos dez concertos que mais antecipamos. Porquê dez? Porque é um número redondo e o ser humano gosta de o ver em listas.
Quem são os fãs de Cigarettes After Sex? E mais importante, porque é que saíram todos da toca ao mesmo tempo e com um atraso de vários anos? Até a versão de “Keep On Loving You”, que lhes poderia ter atalhado o caminho para a ribalta, conta já com um par de anos.
Mais do que entusiasmo para ouvir a banda ao vivo, há uma grande curiosidade para saber como é que tudo resulta in loco. Os temas parecem viver e morrer com base no contexto, e se ouvir “Nothing’s Gonna Hurt You Baby” às tantas da madrugada, com um copo de whisky numa mão e o som da chuva lá fora – ou o que quer que seja que o pessoal artístico-boémio faz para se divertir – nos parece uma experiência prazerosa, ao vivo, a diferença entre relaxante e aborrecido é ténue.
Recomendamos-te que vejas. Ou vai ser um concerto para contar aos netos, ou um acidente de viação. Mas como a tua cara metade vai querer ver – e tu tens que estar lá! -, talvez nem tenhas escolha.
Peçam desculpa aos Bon Iver – e à Julien Baker, já que estão para aí virados -, mas se nunca viram Swans, saibam que não há muitas mais oportunidades. Este é um dos últimos concertos que a banda mais barulhenta de sempre vai dar. Pro tip: tampões. O melhor de um concerto de Swans é que, para uma banda que podia estar só a facturar com um revivalismo nostálgico, estes roqueiros de meia-idade decidiram continuar a lançar álbuns que são consistentemente melhores que os que o precederam. São uma espécie de Guns & Roses ao contrário. Em vez de tocarem “aquela”, os Swans focam-se no último álbum, coisa que devia ser óbvia, não fosse o objectivo de cada banda fazer canções cada vez melhores. O estranho é não ser sempre assim.
Resumo: canções novas de 20 minutos, com a roldana do volume no 11.
E por falar em jovens de meia-idade; eis os Sleaford Mods. Eu não faço ideia de como é a relação de toda a gente com os pais, mas se estás farto de um quarentão constantemente zangado, talvez não seja para ti. Em boa verdade, também não era para mim, mas o Indie Lisboa exibiu o documentário “Bunch of Kunst” e fez de mim um crente. Deixem-me despachar os clichés: punk, eletrónico, minimalista que só o período de austeridade moderno poderia criar. Eu sei que não diz muito e que pode até inibir alguns de vós de assistir, mas saibam que o que rende nos Sleaford Mods é a quantidade imitigada de rancor com que o vocalista Jason Williamson se entrega aos temas. Além disso, estamos curiosos para ver o que é que Andrew Fearn faz nos intervalos entre carregar no play. É uma arte.
Declaração de interesses: somos incrivelmente parciais a duos. Culpamos os White Stripes.
Os Japandroids já são nossos conhecidos, mas continua a não haver uma boa razão para não os ver sempre que possível. Ouvir aquela parede de som vir de apenas uma guitarra é sempre impressionante. Claro que sabemos que o truque é ter o som distorcido a sair por um amplificador, enquanto o sinal limpo sai por outro, mas experimentem isto em casa: não soa bem 80% das vezes. E no entanto, ela move-se. Este roque musculado, com refrães mais pop que pipocas ao lume, é o redbull musical que nos faz falta para sermos freneticamente felizes.
Os The Walkmen estarem em hiatus poderia ser uma tragédia maior, mas I Had a Dream That You Were Mine, que junta Leithauser a Rostam Batmanglij, dos Vampire Weekend, sossega-nos a alma.
O álbum do vocalista dos The Walkmen foi das melhores histórias de sucesso de 2016 e ouvir “ A 1000 Times” nunca falha em deixar-nos um sorriso na cara. Ao vivo antecipamos que a alegria seja exponencialmente maior. Para os que esperam ouvir temas da banda mais conhecida de Hamilton Leithauser, é capaz de ser uma desilusão, mas para os que ainda andam a cantarolar “1959” é um investimento garantido.
Um dos nomes maiores da edição deste ano do NOS Primavera Sound. Os mestres de cerimónia EI-P e Killer Mike sobem ao Palco NOS no primeiro dia de festival com Run The Jewels 3 na bagagem e o seu hip-hop surpreendente e revolucionário.
Os First Breath After Coma chegam ao festival portuense após vários concertos em solo nacional e não só. A qualidade do quinteto leiriense há algum tempo que ultrapassa fronteiras e merecidamente trazem consigo a experiência de quem já pisou palcos em Espanha, França, Alemanha, Holanda e Inglaterra, tendo inclusivamente representado Portugal nos festivais Reeperbahn e Eurosonic, em 2016 e 2017, respectivamente.
Dotados da sensibilidade de transformar o pós-rock num formato canção mais tradicional, se assim lhe quisermos chamar, e percorrendo um caminho mais experimental em Drifter, álbum que editaram no ano passado, este será um espectáculo a ter em conta no segundo dia de NOS Primavera Sound.
Não é propriamente nova a relação entre Angel Olsen e o nosso país. Após algumas passagens por Portugal, onde se inclui até uma residência artística em Lisboa que culminou com um concerto intimista na Galeria Zé dos Bois, a cantora e compositora norte-americana está agora de regresso para mostrar My Woman, na cidade invicta.
Este mais recente trabalho de Olsen mostra-a cada vez mais segura de si e do seu talento, cimentando-a cada vez mais na linha da frente desta nova geração de cantautores. A não perder, portanto.
Confessamos que há sentimentos mistos em relação a este concerto. Por um lado é bastante antecipado, por outro, há a curiosidade de ver como Julien Baker, sozinha em palco com a sua guitarra e frágil voz (no bom sentido da coisa), se bate com o concerto de Swans a acontecer ali perto pela mesma altura (algo de que até Bon Iver poderá vir a sofrer).
Independente disso, Baker tem em “Sprained Ankle” um dos bons discos de 2015 e, mesmo admitindo que a preferíamos ver numa sala mais intimista, em nome próprio, é de aproveitar a oportunidade.
O trio composto por MC Ride, o baterista Zach Hill e o produtor Andy Morin é conhecido pelas suas actuações explosivas e isso, por si só, seria motivo suficiente para não perder a actuação dos Death Grips no NOS Primavera Sound. Serão igualmente uns dos responsáveis por levar uma facção mais experimental do hip-hop até ao festival, juntando-lhe à mistura um pouco de noise, punk e sons industriais. Preparem-se que vai ser intenso.