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No início do ano fomos brindados com umas belas prendas no que diz respeito ao thrash metal da velha-guarda, com alguns dos seus mais dotados veteranos a deitar cá para fora tremendos discos e a fazer-nos julgar que 2017 seria um belo de um ano thrasheiro. Mas afinal cabe muita coisa num ano. Entrámos no Verão com muito death metal a receber-nos e volta a caber aos veteranos trazer-nos as coisas boas. Como é o caso destes Suffocation, mais polarizadores na sua fase pós-reunião mas que não deixam de mexer com as ânsias dos fãs com este novo “…Of the Dark Light”.
Já previamente acusados de estagnação e desinspiração, é frequente que muitos reajam com indiferença a cada nova descarga de riffs técnicos que a banda apresenta.
Não dá para acusá-los de andar aí por obrigação, dado o ritmo calmo entre discos, com regulares pausas de quatro anos entre cada registo. Poderá alguém repreendê-los por estarem em piloto-automático, mas não pode ser tão automático assim, quando ainda são uma máquina de riffs técnicos de estruturas incomuns, que requerem um esforço extra na concepção de um novo conjunto dos ditos cujos. Estagnados? Talvez. Mas num género tão sensível à saturação e que não tenha assim grande espaço de manobra como o death metal brutal e técnico, pede-se algo muito diferente daquilo que eles têm feito ultimamente?
Este “…Of the Dark Light” pode não trazer muito para convencer os cépticos de que os Suffocation não passaram já a sua melhor fase há muito tempo. Dependendo de um grau de exigência, podem encontrar aqui argumentos para descartar alguns dos seus riffs mais heterodoxos como pouco distinguíveis e memoráveis, a voz de Frank Mullen como uniforme e pouco criativa e até da produção tosca. É realmente aí onde posso mesmo apontar um dedo, principalmente ali naquela bateria – fulcral para a sonoridade bruta dos Suffocation – que parece sofrer um pouco de plastificação em demasia.
Quanto ao restante, ainda é Suffocation competente. Frank Mullen continua reconhecível e os riffs, mesmo que por vezes pareçam juntar-se e interceptar-se uns aos outros, têm a sua habitual brutalidade, puxam bem pelo pescoço e, se não forem memoráveis tão imediatamente, o disco leva pujança suficiente para mais algumas audições que o permitam dar a conhecer-se melhor – principalmente a sua primeira metade, a mais forte. As paragens entre riffs e mudanças de ritmo até podem causar alguma confusão, levando a pensar que mudou mesmo de faixa e já estamos noutra música, mas não podemos descartar o caso da faixa-título, que após a sua paragem apresenta o breakdown mais bruto e potente de todo o álbum, capaz de agitar qualquer plateia mais voltada para a castanhada.
Não dá para retirar razão a quem diz que os Suffocation já não estão no seu melhor. Mas a conclusão a tirar de “…Of the Dark Light” é de que ainda são uns Suffocation bastante competentes. E conscientes também. Não acham que valha a pena inventar ou engonhar, e estão aqui uns breves 35 minutos bastante directos ao assunto. É death metal brutal de chegar, partir tudo e deixar tudo em pantanas ao abandonar. E até aí está bem feito. É Suffocation simples e assim mesmo são melhores que muitos “concorrentes”.