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A coqueluche da música alternativa-da-alternativa portuguesa, as incríveis Pega Monstro, lançaram há pouco tempo o seu Casa de Cima, sucessor de Alfarroba, em colaboração editorial Cafetra Records e Upset the Rhythm. Temia que não fosse possível apanhá-las ao vivo neste Verão, mas consegui: encontro marcado para o Curtas Vila do Conde, 25º edição do festival de cinema de referência.
O que elas fazem é mesmo especial. O rock não devia cumprir regras: quem disse que não se pode criá-lo a partir de guitarra bateria e voz apenas, sem merdas?
A magia da sua música prende-se com a falta de formato. Casa de Cima passa da entrega enérgica ao drive mais contido e tudo apenas na música Partir a Loiça, e logo de seguida chega a calma ingénua, frustrada nos detalhes, de Fado da Estrela do Ouro. Ao vivo, a apresentação do disco não segue o alinhamento original, mas há-de percorrer isto tudo – e desta feita, em Vila do Conde, sentados e com maravilhas visuais por parte de Sara Graça.
A irmã da guitarra dá o mote; a irmã da percussão segue a dica conforme lhe apetece. Não é incomum partirem ambas do mesmo sítio, desencontrarem-se a meio do percurso para prosseguir o que na altura a cada uma mais lhe aprouve. Se se perdeu (não muita) crueza neste novo disco, ganhou-se em espaço para explorar cada canção; e disso até o espectáculo ao vivo beneficia.
Nalguns momentos, pelo meio das divagações das suas músicas, entrevê-se uma tangente a um universo lírico que lhes precede; o canto popular, por exemplo, ou a citação directa de poemas de Pessoa. É um curioso sinal de maturidade artística, e enriquece a sua obra; torna-a ainda mais genuína, como se não o fosse já suficientemente.
Quando chegou a hora da despedida, foi com pena que demos o encontro por terminado. Podíamos ter ficado mais um pouco com a música da casa de cima.
Interesso-me por muitas coisas. Estudo matemática, faço rádio, leio e vou escrevendo sobre fascínios. E assim o tempo passa. (Ver mais artigos)