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Um idoso que não aceita que a viragem do século tenha acontecido há 17 anos destruiu 50 mil dos seus discos.
Ao volante de um cilindro de asfalto, Francisco Bandeira, de 72 anos, gravou um vídeo em que terraplana um monte de CDs como protesto contra a inevitável passagem do tempo.
“Isto é o resultado da internet, da reprografia pirata; é o que estamos a fazer à música, é o que os outros fazem à música,” explica o protagonista deste vídeo que nunca terá ouvido falar do Youtube, Spotify, Tidal ou do conceito de streaming, e que acha que alguém se daria ao trabalho de fazer downloads ilegais da sua música. A ideia é ainda reforçada pela voz off de um comediante que foi marginalmente engraçado durante os anos noventa.
Não satisfeito com apenas uma coisa pela qual protestar, o operador de maquinaria pesada manifesta ainda o seu desagrado com as rádios. “Não passam a música portuguesa, ou passam apenas a dos seus amigos,” elabora. O “amiguismo” é um problema antigo no mundo da música, em particular no que concerne à divulgação, porque desde há muito que se pretere músicos envolvidos em casos de violência doméstica em favor daqueles que dão bons amigos.
Mas dois motivos de revolta não seriam suficientes. Em voz off, o Sr. Cabecinha Pensadora – uma espécie de Maria Vieira da homofobia – dá conta de um último opróbrio que Franscico sofreu. “Um protesto […] contra aqueles que não o deixaram oferecer os discos aos países lusófonos, para isso teria que pagar impostos às finanças como se os tivesse vendido,” explica.
Não se sabe a intenção das finanças ao criar um empecilho à caridadesinha de Francisco; acredita-se que será um preceito legal sem relação com questões de bom gosto ou imperativos morais que questionam a utilidade de ofertas a países que não pediram nada e que há muito se sabe podem prejudicar economias locais.
O Arte-Factos conseguiu acesso a um novo vídeo gravado após o incidente que resume o processo mental que levou à decisão de destruir os discos.
Porque ninguém na redacção tem mais de 55 anos não podemos asseverar que Francisco seja um músico entretanto caído em esquecimento. O repórter de campo que enviámos para um salão de bingo obteve testemunhos de que Francisco terá sido um artista conhecido que dava pelo nome de palco de Paco Bandeira.