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A vida são dois dias e para melhorar o VOA – Heavy Rock Fest agora são três. Nestes dias desfilaram nos palcos instalados na Quinta da Marialva, em Corroios, nomes grandes do metal mundial e nacional e vários talentos emergentes e, em honra de todos eles, enfrentámos o sol abrasador por um amor maior: a música pesada.
No dia do arranque, o recinto esteve longe de estar cheio, mas pelas 18h já os The Charm the Fury usurpavam o Palco Principal com o seu metalcore irrequieto. A verdade é que sob aquele sol abrasador o movimento e o público ainda não eram muitos. “Guys, gimme some movement!”, repetia a vocalista Caroline Westendorp entre canções, mas sem grande sucesso. Ainda assim, sem receberem grande incentivo por parte do público, a banda deu tudo, principalmente a sua vocalista, qual animal de palco, que o encheu com a sua presença turbulenta e voz agressiva. Versátil, consegue passar rapidamente de um tom grave e gutural para um mais melódico, que por vezes lembra Hayley Williams (Paramore). “Carte Blanche” ou a nova “Down on the Ropes”, fizeram-nos abanar a cabeça. Do pouco tempo que dispunham, o alinhamento incidiu sobre o novo The Sick, Dumb & Happy, editado este ano.
Mal acabam o concerto, no novíssimo Palco Loud!, começam a tocar os portuenses Névoa, e foi para lá que nos dirigimos. As sombras escassas ao final da tarde caloroso acabaram por condicionar a audiência junto deste pequeno palco e neste dia em particular a banda é prejudicada pelo horário (18h45 a uma sexta-feira é complicado) mas, ainda assim, oferece-nos um belo black metal atmosférico que resultaria melhor num espaço fechado e intimista.
Ao baterem as 19h15 inicia outro concerto, desta vez no lado oposto do recinto. Insomnium é o nome que se segue. A banda, vinda da Finlândia, toca um death metal melódico com laivos de doom metal, uma aura contrastante com o sol terrorífico que batia de frente do palco. No pano de fundo vemos o belo artwork de Winter’s Gate, antagónico com a temperatura que se faz sentir. Para uma banda desta categoria, é injusto que tenham só uma hora, no entanto a mesma chega para ficarmos de barriga cheia. Arrancando menos confusão da plateia, a mesma dedica-se aos headbangs. Depois desta curta mas intensa visita, aguarda-se com expectativa concerto em nome próprio um dia destes.
Na pausa para o jantar segue-se Earth Drive, banda vinda do Montijo. O grupo aproveita bem o pouco tempo que têm e ainda conseguem alguns ouvintes numa altura em que muitos circulam peço recinto mais focados em matar a fome e a sede. Sabem cativar, principalmente a vocalista Sara Antunes que se mostra imparável.
Por altura de Epica subirem a palco, já muitos fãs aguardavam pela mesma, bem na frente do Palco Principal. No entanto, tendo em conta o nome que é, esperava-se mais público para ver a banda de Simone Simons e companhia. Com o seu som orquestral e com a figura de proa em Simone Simmons, os Epica deram um concerto grandioso, como era expectável. É inegável o poder vocal da cantora, que sabe cativar. O concerto, com cerca de 1h30, incidiu principalmente nos temas novos extraídos de The Holographic Principle, de 2016, e “A Phantasmic Parade” ou “Edge of the Blade” foram exemplos perfeitos que espelham a qualidade destes músicos e a paixão da sua frontwoman.
Quando os Black Wizards sobem a palco, já beneficiam de ter muito público que se passeia pelo recinto enquanto esperam pelo último cabeça-de-cartaz. Praticando um som muito diferente do death metal que reina neste primeiro dia, a verdade é que a qualidade da banda convence e a prova disso foi o ajuntamento em frente ao pequeno palco. Com a voz rasgada de Joana Brito e o instrumental intenso, conseguimos viajar a uns anos 60 ou 70 sem nunca termos vivido neles. Uns Grateful Dead ou Jefferson Airplane estariam orgulhosos dos seus descendentes. Prometem dar cartas e o próximo álbum “What the Fuzz” é editado já a 1 de Setembro.
Pelas 23h é altura de nos chegarmos perto de Carcass, os quais pecaram pelo alinhamento curto e sem grandes intervenções, como já tínhamos referido no nosso artigo prévio. Com um jogo de luzes a adornar o palco ouve-se a intro gloriosa do último registo, Surgical Steel, de 2015, enquanto elemento a elemento vai tomando o seu lugar. A primeira que atiram é “316L Grade Surgical Steel”. A partir daqui o reboliço na multidão é mais que muito, acompanhando a rapidez das notas. Circle pits poeirentos, crowdsurfing e cabelos a esvoaçar. Dos cerca de 55 minutos em que estivemos com a banda não se pode dizer que a casa não tenha vindo a baixo. O vocalista/guitarrista Jeff Walker distribuiu constantemente palhetas e até garrafas de água, algo que o público adorou. A banda que goza de um estatuto de estrela dentro do subgénero que pratica, era um dos nomes mais fortes de todo o cartaz e por isso mesmo, foi o chamariz do primeiro dia de VOA Fest. No entanto, o efeito de despejar o alinhamento acabou por não agradar a uma grande maioria que se perguntava após o concerto “Já acabou? É só isto?”, relutante por abandonar o recinto, mas as luzes já estavam ligadas.