O bom e velho Dave Grohl, para além de liderar os já gigantes Foo Fighters e integrar mais umas dezenas de outras bandas e projectos, também é bastante conhecido e notável pela sua acessibilidade e simpatia. Aquele gajo a tocar para estádios cheios é mesmo um tipo como qualquer um de nós. Sem qualquer maneirismo de rockstar, antes de músico, é um enorme fã. Enorme fã do rock e das suas variadas formas. E agora começa a ouvir-se na sua música. “Sonic Highways” foi a pesquisa e procura de sonoridades de raiz, “Concrete and Gold” chega agora como um tributo aos básicos que Grohl e amigos com certeza cresceram a ouvir.

Há todo um tributo às influências e ao rock da velha-guarda no novo disco, quer seja na constituição de uma malha de estádio ao estilo reconhecível de Foo Fighters ou com umas novas abordagens progressivas e psicadélicas mais subtis. Há o peso e a veemência na berraria de “Run”; Há um rock and roll dançável em “Make It Right” que podia ter sido feito nos dias de hoje com Josh Homme ou na década de 70 com Marc Bolan; Há o arena rock de refrão enorme em “The Sky Is a Neighborhood” e “Arrow”; Há suavidade e docilidade de um folk rock sessentista em “Happy Ever After (Zero Hour)”; Há Beatles em “Sunday Rain”, mas há mesmo a sério, não só na influência, com Paul McCartney a encarregar-se da bateria enquanto Taylor Hawkins se ocupa a cantar; Há o tal psicadelismo e um acenar pouco subtil aos Pink Floyd em “Concrete and Gold.”

Este disco não deixa de soar a um típico álbum dos Foo Fighters. Mas também se patenteia aquilo que parecem procurar cada vez mais, o agradecimento às raízes. E sai um óptimo disco feito por um gajo que é um enorme fã de rock e música em geral. E que calha também ser muito bom músico.