Lisbon & Sintra Film Festival 2017 – Antevisão

por Joao Torgal em 14 Novembro, 2017

Parte do LEFFEST muda de sítio. Sai do Estoril, onde esteve desde a primeira edição, e desloca-se para Sintra. De resto, grande parte da concepção do festival mantém-se intocável. E até a sigla ficou igual.

Isabelle Huppert é a figura em destaque. A actriz francesa trabalhou com Haneke, Ozon, Verhoeven, Chabrol ou Godard. É a mulher das muitas faces, o título da exposição que vem apresentar a Sintra (Museu das Artes), bem como MalinaSouvenir. Dois dos mais de vinte filmes em restrospectiva nesta edição do LEFFEST.

Para além de Huppert, o festival traça ainda o essencial da carreira dos realizadores Abel Ferrara (Polícia Sem Lei, Rei de Nova Iorque ou o mais recente 4:44 – Último Dia na Terra), João Mário Grilo (O Processo do Rei ou Longe da Vista) e Alain Tanner (A Salamandra ou A Cidade Branca, passado em Lisboa), apresenta as incursões pelo cinema do encenador Peter Brook e do artista multifacetado Julian Schnabel, mostra a curta e pouco conhecida carreira atrás das câmaras do actor Mathieu Amalric e, através da obra de José Vieira e pegando na experiência portuguesa, explora um dos temas fundamentais dos últimos anos: as migrações. Todos estes nomes deverão marcar presença em Lisboa/Sintra.

Na secção fora da competição, há, em primeira mão em Portugal, os filmes mais recentes de grandes nomes do cinema ou alguns galardoados nos mais importantes festivais. No primeiro caso, há Roda Gigante (Woody Allen, filme mosaico nos anos 50), A Hora Mais Negra (Joe Wright, sobre Churchill e o papel britânico na II Guerra Mundial), Jogo da Alta Roda (Aaron Sorkin. estreia enquanto realizador do argumentista dos filmes sobre Steve Jobs ou Mark Zukerberg, neste caso com outra história biográfica), Last Flag Flying Flag (Richard Linklatersobre as memórias da guerra, entre o Vietname e o Iraque) ou O Amante de Um dia (Philippe Garrel, drama familiar, novamente a preto e branco). No segundo, destaque absoluto para os premiados este ano com a Palma de Ouro em Cannes (O Quadrado) e com o Urso de Ouro de Berlim (Corpo e Alma).

Na Competição, um dos destaques está na presidência do juri: David Cronenberg. Depois, há 13 filmes a concurso, mas sem os nomes de peso do ano passado. Em 2016, havia Paul Verhoeven, Bertrand Bonello ou Andrea Arnold. Este ano, os mais fortes são o francês Xavier Beauvois, vencedor do Grande Prémio do Júri em Cannes com Dos Homens e dos Deuses (2010), ou o italiano Luca Guadagnino, com maior projecção desde Mergulho Profundo, de 2015. A lista em competição inclui um filme português: Verão Danado, longa de estreia de Pedro Cabeleira, que teve uma menção honrosa no Festival de Locarno.

Mas há muito mais: uma sessão de perguntas e respostas com Robert Pattinson (a partir do filme Good Time, em que é protagonista), ligações à literatura e à música, filmes e debate sobre a Revolução Russa (no ano do centenário) e a secção Pode a Arte Ser Subversiva, com filmes corrosivos (para o bem ou para o mal) como Império dos Sentidos, Laranja Mecânica, Saló ou Anticristo.

De 17 a 26 de Novembro. Em Lisboa e… em Sintra.


sobre o autor

Joao Torgal

Partilha com os teus amigos