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Desafiando as advertências de George Orwell, a maioria de nós parece pouco preocupada ante a exponencial erosão das fronteiras que separavam o domínio privado do público. Como encarar o facto de as redes sociais alimentarem uma cultura cada vez mais confessional onde já não parece haver lugar para qualquer pudor a respeito da sobre-exposição do Eu? Como podemos medir as motivações e efeitos de os filmes caseiros e as sextapes serem agora indiscriminadamente compartilhados? E os reality shows, que transformaram o sistema de videovigilância num género televisivo de entretenimento altamente lucrativo a fim de explorar a espectacularização dos afectos e emoções?
Numa era que vulgariza a liberdade e o experimentalismo sexual, e onde a esfera privada se torna “pública”, muitos são aqueles que afirmam que a intimidade entrou em “crise”. Da mesma maneira, a palavra “amor” parece ter caído em desuso. Amplamente evitada – para não dizer mesmo estigmatizada – em muitos discursos, esta vai progressivamente cedendo lugar a outros termos e designações, tais como “envolvimento”, “trocas emocionais”, “afectos”, “desejo” ou “compatibilidade sexual”. Neste âmbito, o cinema converte-se facilmente numa lente útil para examinar as relações entre “amor” e “intimidade” e o modo como essas noções – antes tão estruturantes e recorrentes na cultura popular – têm vindo a sofrer alterações em resultado das profundas transformações sentidas actualmente ao nível dos comportamentos e do quadro de valores que os regem.
O Instituto de História da Arte (IHA) organiza, com a Medeia Filmes e a Leopardo Filmes, o Ciclo de Cinema Amor & Intimidade, onde serão debatidas questões relacionadas com este tema, a partir de uma selecção de dez filmes que serão exibidos no Espaço Nimas, em Lisboa. Entre 21 de Fevereiro e 20 de Junho, após a exibição de cada filme, os investigadores da FCSH/NOVA vão debater, com críticos de cinema, escritores, artistas, psicanalistas, historiadores, antropólogos, sociólogos e outros, estas obras, clássicas e contemporâneas, à luz destes problemas e inquietações que marcam sobremaneira a contemporaneidade. A curadoria está a cargo de Bruno Marques, Cláudia Madeira, Luís Mendonça, Mariana Gaspar e Sabrina D. Marques. Os bilhetes têm o custo de 5€.
Segue abaixo o programa completo:
21 Fevereiro – 19h
DEUS SABE QUANTO AMEI
de Vincente Minelli (1958)
7 Março – 19h
UMA LIÇÃO DE AMOR
de Ingmar Bergman (1954)
21 Março – 19h
IRÈNE
de Alain Cavalier (2009)
4 Abril – 19h
HIROSHIMA, MEU AMOR
de Alain Resnais (1959)
18 Abril – 19h
O CORAÇÃO FANTASMA
de Philippe Garrel (1995)
2 Maio – 19h
A MINHA NOITE EM CASA DE MAUD
de Eric Rohmer (1969)
16 Maio – 19h
BUFFALO ’66
de Vincent Gallo (1998)
30 Maio – 19h
O MEDO
de Roberto Rosselini (1954)
6 Junho – 19h
DOLLS
de Takeshi Kitano (2002)
20 Junho – 19h
PAIXÕES CRUZADAS
de Leos Carax (1984)
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)