Cícero

Cícero & Albatroz
2017 | Sony Music | MPB, indie rock

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O carioca Cícero Rosa Lins é um dos mais reconhecidos nomes da nova MPB, sendo uma presença regular em Portugal, com concertos de norte a sul. Os públicos de Lisboa, Guimarães, Porto, Ovar, Braga e Castelo Branco já se renderam aos encantos do brasileiro.

Uma carreira alicerçada no indie rock, foi com o disco “Canções de Apartamento” (2011) que conquistou uma fiel tribo de seguidores, que espalharam as suas doces palavras pelo Tumblr. A par de “Sábado” (2013) e “A Praia” (2015), Cícero aproveitou o alcance sem fronteiras nem distâncias da internet, disponibilizando as edições de autor para download gratuito por quem o quisesse escutar.

A cada trabalho, o cantautor dá um salto evolutivo em termos musicais. Do registo mais caseiro à complexidade de quem explora a electrónica, a única constante é a experimentação. Reconhece-se em Cícero a capacidade de se renovar sem quebrar com o passado, traçando um estável percurso na sua carreir, coesa pela genialidade lírica.

“Cícero & Albatroz” é a estreia numa editora discográfica major, a Sony Music. Um álbum maduro, com arranjos soberbos e uma instrumentação expansiva e densa. Nota-se que são canções pensadas para tocar no grande palco, rodeado dos seus músicos, distante do tempo voz/violão de “Canções de Apartamento”. Cícero emociona com a sua voz doce e serena, apaixona pela sensibilidade com que descreve o correr dos dias, enche de cor a profundidade dos pensamentos e dos recantos mais íntimos.

Conhece o disco, faixa-a-faixa, apresentado por Cícero Rosa Lins ao Arte-Factos:

#1 Aurora n°1

A ideia é abrir o panorama de onde esse disco se passa. Assim como nos outros discos, há espaços físicos de fundo para as músicas. A sirene, o céu ausente, o sol urgente, a queda d’água, são impressões em imagens dessa cidade que se pinta no disco.

#2 A ilha

A ilha trata do cenário interno, da cabeça. É a consciência, a noção de eu, em contacto com o meio externo, com a cidade. Fala da relação que a cabeça pode ter com o meio interno e externo.

#3 Não se vá

É uma espécie de conselho que dou para o outro e para mim mesmo. Não deixar que esse meio externo se infiltre no interno a ponto de nos afastar nós mesmos.

#4 À deriva

É uma canção de amor. Sobre encontrar em outra pessoa um sentimento de lar, de pertencimento, de rota.

#5 A cidade

Minha única parceria no disco, com Victor Rice. Ele me enviou o tema e fizemos o arranjo para soar como buzinas desencontradas numa cadência de samba sobre uma harmonia entroncada sobre uma letra e uma melodia sem ciclos lógicos. Confuso nesse sentido. Tudo em função dessa imagem de cidade fragmentada sobre a qual o disco se desenvolve.

#6 Velho sítio

A primeira música do que penso ser o lado B do disco, velho sitio (sem acento agudo, em português de portugal, significando lugar), veio de um poema ainda maior que escrevi há algum tempo atrás. Tem a ver com a idéia de eterno retorno e também com as reflexões que fazemos quando fazemos 30 anos. O arranjo eu quis fazer o mais minimalista possível, como um contorno da letra. Uma moldura.

#7 A rua mais deserta

É um cenário, uma rua e uma praça divididos por um muro, alguns personagens, algumas imagens, ilustrando um recorte do subúrbio onde nasci e cresci no Rio de Janeiro.

#8 A grande onda

A imagem de uma grande onda, física, real ou sinestésica, vem como centro de um alerta que trás junto observações sobre o modo de vida que minha geração leva, na cidade que criamos.

#9 Aquele adeus

Uma canção sobre um amor que se foi.

#10 Um arco

Encerra o arco do disco, de uma fase da vida, de um momento. Fala de quando se chega num ponto onde conseguimos sentir o deslocamento e observar a distância entre os dois pontos. Fala de um momento de entendimento.


sobre o autor

Arte-Factos

A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

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