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Nunca nos vai deixar de surpreender a forma como a carreira de Lorde vogou em direcção ao sucesso. A meio do concerto no NOS Primavera Sound a artista de 21 anos recordou a sua primeira passagem por Portugal há quatro anos. Pondo em perspetiva: quatro anos depois, a noeozelandesa continua a parecer-nos impossivelmente nova. E, no entanto, em palco demonstra uma inquietante destreza em mexer connosco.
Horas antes, no Palco Seat, assistimos aquele que foi o momento mais bonito do primeiro dia de festival ao som dos The Twilight Sad. Chegou-nos de forma orgânica, sem que nada o fizesse esperar, e, tivesse o concerto demorado mais tempo, os olhos que já marejavam abririam as comportas a uma barragem de sentimentos.
Com Lorde, a história seria diferente.
Usando a expressão inglesa “to pull on the heart strings,” deve dizer-se de Lorde que é uma exímia guitarrista. E o pior, é que não tivemos problemas nenhum em deixar-nos levar. É como uma emboscada ao coração com todos os sinais que a denunciam, mas que, por razões que não sabemos explicar, nos deixamos alegre e de livre vontade cair. Afinal quem vai duvidar desta Bjork com “stats” de fofura maximizados ao nível 99? Fato de treino dos anos 80 em rosa reflector ou não.
“It really feels special between you and me,” explicava. “You’ve been saving all these feelings so we can dance them off. And you’re kinda talking with each other.”
Num concerto que incidiu, sobretudo, em Melodrama, Lorde trouxe-nos uma performance completa com a imagética de criancinhas de coro e dança contemporânea que acrescenta e enaltece a experiência de ouvir a pop orelhuda da artista. (É favor tirar notas, Josh Tillman)
“I can feel these things you’ve been trying to say to me all these years,” continuava a verbosa artista que se lançaria num discurso sobre, assumimos, a “morte do artista” e as pessoas que nos deixam por sermos um bocadinho demais para elas antes de se atirar de alma e coração a “Liabillity” que nos pareceu, debaixo de todo este feitiço, o mais genuíno momento do espectáculo. “ I’ll always hang out with you. I promise you that.”
Momentos altos não faltaram e quando “Royals” se ouve nas gigantes colunas do palco principal recalibrámos o nosso cérebro que até à data julgava que Father John Misty e Lorde jogavam no mesmo campeonato. Não jogam. Nem há comparação em números de corações excitados.
Finalmente, o concerto é levado um ponto final com a canção que seria “all of the emotions of melodrama.” “Green Light,” termina o set e damos por nós levados pela certa. Lorde, engana-nos que nós gostamos.