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American Animals
Título Português: American Animals | Ano: 2018 | Duração: 116m | Género: Drama
País: E.U.A. | Realizador: Bart Layton | Elenco: Evan Peters, Barry Keoghan, Blake Jenner, Jared Abrahamson

American Animals é, de certa forma, um filme coming of age. Dois amigos em fim de adolescência sentem-se desinspirados, desprovidos de objectivo maior para as suas existências, em busca daquele momento em que – supostamente – se dá o clique e tudo começa a fazer sentido. Um estudante de arte e um atleta de uma pequena cidade, protagonizam o filme e uma improvável amizade. Juntam-se ao gangue dois overachievers. O golpe? Levar a cabo um dos maiores roubos da história norte-americana, apesar da sua inexistente experiência em tal indústria.

Baseado em factos verídicos, o Bart Layton consegue magistralmente conjugar dois géneros no mesmo filme: uma encenação dos eventos reais, pincelados com depoimentos dos rapazes cuja história é contada. Como em qualquer situação mais mundana, claro está que o conceito de “eventos reais” é relativo, pois muito varia em função da memória do narrador. E é por isso que o recurso aos verdadeiros autores do assalto se torna uma peça essencial do puzzle. Quem teve ideia? Quem convenceu quem? E o que realmente aconteceu?

Depois de meses a planear e a ensaiar o golpe, eis que chega a hora da verdade: roubar livros raros e muito, muito caros; com o puro propósito de venda. Depois do crime, chega a culpa, o remorso, a instabilidade, o mal estar generalizado – típico de marinheiros em primeira viagem.

Do elenco destacam-se os dois protagonistas, pois claro. Barry Keoghan vai sempre bem no papel de psicopata borderline, já o tinha demonstrado em The killing of a sacred deer (Yorgos Lanthimos, 2017). Evan Peters finalmente encontrou um papel que lhe permite brilhar para um público mais adulto: é Quicksilver nos filmes X-Men e um dos rostos da série American Horror Story.

Não é um filme ambicioso, mas ainda assim um filme que merece o nosso carinho e atenção. E da Academia, de quem se espera – pelo menos – uma nomeação ao Óscar pelo argumento. Com bom ritmo, uma fotografia e estética muito prazerosas, emotivo e emocionante, prima pela forma diferenciada como aborda uma história que até nem é nova, mas que nos chega agora com muita frescura.


sobre o autor

Isabel Leirós

"Oh, there is thunder in our hearts" (Ver mais artigos)

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