Já passou tempo mais que suficiente para se aceitar a realidade. Os Sepultura já são uma entidade diferente e vão-se desenrascando. E Max Cavalera também vai estando em todas e mantém as suas várias bandas activas, com tantas vénias a aclamá-lo por actualmente se manter mais Sepultura que os próprios, como dedos apontados a acusá-lo de também ter perdido a sua essência após abandonar a sua original banda. Com os seus prioritários Soulfly, traz “Ritual”, que aparenta vir para celebrar todas as suas vertentes e fases.

“Ritual” apresenta-se como o álbum mais balançado entre todos os onze no currículo dos Soulfly. Há factores da velha-guarda, há o modernismo mais juvenil de tempos recentes e ainda a entrada para mais alguma adoração que Cavalera tenha por alguma outra influência que caiba. Sem faltar groove e breakdowns para toda a família, – se “The Summoning” não faz um miúdo louco querer abrir a pit, mais nada será digno de o fazer – também há do material mais rápido e extremo que se registe deste conjunto multinacional. “Ritual” recorre a influências tribais e podia constar num dos dois primeiros discos; “Dead Behind the Eyes” com Randy Blythe dos Lamb of God reforça o groove cheio de músculo; a surpreendente presença de Ross Dolan dos Immolation em “Under Rapture” injecta uma nova categoria de peso; “Feedback!” tem que ser das canções mais arockalhadas que Cavalera já escreveu.

Não lhe serve de muito andar a tentar recriar os tempos de glória, como muitos desejam, como se fosse ainda possível ter o mesmo impacto. Também não lhe ficaria a matar fazer de conta que é um miúdo ou juntar-se a modas. “Ritual” prova que se misturar isso tudo, criar o balanço e ainda lhe meter mais qualquer coisa que saiba manusear, até sai algo bem bom.