Billy Corgan tem dividido o seu tempo nos últimos anos entre a sua paixão por wrestling e a manter os seus Pumpkins como uma constante sombra do que já tinham sido. Claro que o anúncio do retorno de James Chamberlin e James Iha, membros da formação original, é suficiente para causar vários burburinhos: porque não regressaram todos; estamos de volta a 1995 e está tudo bem com o mundo, ou pelo menos com os Smashing Pumpkins, outra vez. Mas a questão é que não é 1995 e o novo disco vem com algo a provar.

“Shiny and Oh So Bright, Vol. 1 / LP: No Past. No Future. No Sun.” é um título nada apelativo, diga-se já. Mas deve-se ir além dele e da capa. Neste primeiro volume fica só uma meia-hora que até nem se pode dizer que seja mal passada. Mesmo que a nostalgia paire sempre no ar dadas as circunstâncias, estes velhos companheiros têm noção do presente para não soar a uns saudosistas em negação de que os 90s estão cada vez mais longe, mesmo que seja inevitável um bom throwback – afinal de contas, “Silvery Sometimes (Ghosts)” é uma “1979” já crescida, aprumadinha e bem empregada. Os momentos mais emocionais e melancólicos sempre se aproximam mais das melodias apelativas de “Mellon Collie” do que das recentes experiências quase a solo e nos momentos mais pesados não se enchem de pretensiosismos de que o grunge ainda é um monstro vivo e de boa saúde.

“Shiny and Oh So Bright” pode considerar-se perfeitamente competente, coeso, inevitavelmente apelativo e até tem um bom balanço entre o actual e o nostálgico. Bem feito, ainda que saiba a pouco ou, visto por outra perspectiva, deixa a desejar a sua segunda parte, não só pela curiosidade mas também pela necessidade.