Dream Theater

Distance Over Time
2019 | InsideOut Music | Metal progressivo

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É preciso conquistar-se uma certa dose de respeito para se obter a falta dele mesmo dentro de alguns círculos. Os Dream Theater são um caso de alguém que tenha ganho os seus detractores, ao ganhar a dimensão, influência e popularidade para isso mesmo. Ou porque já são grandes demais, ou porque engonham demais que se tornam chatos, ou porque não suportam a voz de James LaBrie. Há as razões todas. Mas na hora de enumerar os maiores actos do metal progressivo, até o menos fanático tem que morder a língua para não dizer “Dream Theater” antes de começar a enumerar todos os outros actos contemporâneos.

Já são quase sinónimos. E é com essa ideia que se recebe “Distance Over Time.” Essa e a de que já vão três décadas de carreira e ao décimo-quarto disco, os Dream Theater já tiveram de tudo, os clássicos, os pobres, os impressionantes, os maçadores. E enquanto ainda se recupera da sobrecarga e do exagero que foram as mais de duas horas de “rock opera” no anterior “The Astonishing,” este “Distance Over Time” chega como uma resposta directa e uma antítese – é possivelmente o disco mais directo e acessível que os Dream Theater já editaram. Sem qualquer faixa a chegar aos dez minutos, para pasmo de muitos, não perdem uma gota de virtuosismo ou de extravagância, mantendo a identidade dos Dream Theater como uns reis da complexidade, em canções memoráveis. Há groove, há um tom moderno, – “Paralyzed” dava single de banda de metal alternativo que fosse mais virtuosa – há adorações a Metallica e outros clássicos influentes, para que se aprecie um bom riff, se cante um bom refrão orelhudo – se não estiverem as pragas a ser rogadas à voz de LaBrie – sem ter que se estar sempre a questionar quantos dedos tem John Petrucci.

Um disco mais simplificado, sem soar tão aguado como o auto-intitulado de 2013, muito bem conseguido mesmo sem ainda atingir a mais aperfeiçoada fusão como em “Systematic Chaos.” E, ainda assim, capaz de conter alguns dos melhores temas que os Dream Theater tenham composto nesta década. Justifica a longa carreira cheia de mérito e a inevitável maledicência sempre anexada e até a representa bem. “Distance Over Time” é mais um passo em frente de uma banda que não se quer deixar encostar mas que acaba por ser um bom cartão de visita para quem ainda só agora se venha a cruzar com eles.

Músicas em destaque:

Paralyzed, Fall into the Light, Pale Blue Dot

És capaz de gostar também de:

Symphony X, Evergrey, Dominici


sobre o autor

Christopher Monteiro

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