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Mais uma moeda, mais uma voltinha no carrossel punk/hardcore/metal-cenas que reside no RCA. Se isto soa a uma coisa má, não é. Mas este que vos escreve já esgotou todas as introduções para estas reportagens há cinco moshpits atrás.
Mas vamos parar? Nem pensar. Enquanto houver uma pessoa que não saiba que os concertos de hardcore são uma espécie à parte em que até os maus certames são melhores que noventa por cento do que vamos ter em festivais este ano haveremos de estar cá para dar o corpo ao manifesto.
A noite de 21 de Abril foi dos Sick Of It All. Com um historial que fala por si, já o sabíamos de antemão, mas não nos deixamos de surpreender com os seus pares de digressão, os Good Riddance, e com os jovens do país vizinho, Blowfuse.
Comecemos por estes últimos que se apresentaram em inglês. O vocalista ainda perguntou se devia falar em espanhol, mas não terá ouvido os “sins” que vinham do público. Inglês com sotaque para o resto do concerto, então. Se algum dia lerem isto, falem em castelhano (?), se ainda houver alguma erva daninha presa a rivalidades toscas (que não existem) precisa de ser arrancada. Além disso, é uma pena ver um concerto tão cheio de energia sofrer com os hiatus de falar numa língua estrangeira entre folgos cansados. A inspiração de bandas como Sum 41, Blink-182 e – de mais notória – Offspring, dá aos Blowfuse uma dinâmica divertida que convida ao salto e pede um entusiasmo ininterrupto.
“Thanks to Good Ridance and Sick of it all for letting us be part of their tour,” despediam-se assim antes de apelar a que o público se aproximasse do palco. Ao fim de meia hora de um concerto feito de entrega, o público acedeu.
Os Good Riddance, que ainda não sei se são uma referência áquela canção dos Green Day – você sabem qual é – ou são “A” referência dessa canção, entram em palco dispostos a fazer esquecer os 18 anos que ficaram sem pisar palcos portugueses.
“We’re called Good Ridance; we’re sorry it took us 18 years to comeback to Lisbon,” desculpavam-se.
O público alterava também a sua complexão demográfica. Os mais veteranos que em Blowfuse se deixaram ficar atrás, chegavam-se à frente para fazer a festa como se fosse 1990 (ou 2001, para aqueles de vocês a fazerem contas). Quando o vocalista perguntou se algum dos presentes os tinha visto nessa data, seis levantaram o braço. “Good to see you again. Glad you’re still alive.” Foi uma tirada objectivamente engraçada, mas – porra – 18 anos é muito tempo. Era um mundo pré-Pokémon no ocidente.
Num dos momentos mais divertidos do concerto, o baixista pede para trocar de t-shirt com um fã que vestia as palavras “Anarchy” estampadas. “It smells good! This guy is looking to get lucky tonight.”
Uma hora de concerto e boa disposição. Já na recta final anunciava-se assim o fim: “This guy tell’s me we have one more song. Get out! We have five more songs”. A festa e o mosh intensificou-se, afinal de contas, não sabemos se estamos vivos daqui a outros 18 anos.
Chegava a vez dos Sick Of It All. Traziam consigo na bagagem o mais recente, Wake The Sleeping Dragon, a que a arte do pano de fundo aludia.
“We’ve got some new shit, some old shit, and some shit in between,” advertia. Há que respeitar quando bandas que já passaram por todos os baptismos de fogo imagináveis, continuam achar que têm algo a provar e não descansam à sombra de um alinhamente nostálgico. São da escola C +S Vão-ouvir-e-gostar em que estudaram os Deez Nuts. Seria preciso o público cercar mais a palco até se começar a fazer subir níveis de decíbeis capazes de acordar o dragão adormecido.
“Did you like that? Let’s go back,” gritava. “Way back to the first song we ever wrote as angsty teens – so you know it’s a classic. They used to call this ‘ Hardcore Punk’,” rematava. A prova de que o género “envelheceu” bem está no seu apelo perene. Quando se anuncia que “this is it” e que o concerto está no fim o entusiasmo adolescente com que se antecipava “Step Down” era palpável.
O Hardcore-punk – “como lhe chamavam”- é sinónimo de peterpanismos. E há de ser para sempre.