Earth

Full Upon Her Burning Lips
2019 | Sargent House | Rock instrumental/experimental, Pós-rock

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A única constante no percurso de Earth é a criatividade. De resto, temos toda uma palete de minimalismo, experimentalismo, excessos, acessibilidade ou tudo o que seja exactamente o contrário. A constante também é Dylan Carlson que, com o domínio da sua guitarra, é o responsável pela tal criatividade com que se conta sempre e, de novo, troca-nos as voltas com um “Full Upon Her Burning Lips” que em nada se assemelha ao seu antecessor.

Se “Primitive and Deadly” foi o disco mais surpreendente da sua carreira, ao envergar por caminhos mais doom metal, com alguns registos vocais – e logo de Mark Lanegan – e procura pela acessibilidade e pelo formato canção mais tradicional… “Full Upon Her Burning Lips” despe-se de tudo isso e é mesmo aquele retorno aos básicos sem as balelas do costume quando bandas anunciam isso, é mesmo o disco mais minimalista dos Earth em muito tempo. Já é só Carlson e a sua guitarra a repetir riffs arrastados mas melódicos, acompanhado só e apenas pela bateria, também ela muito básica, de Adrienne Davies. Reduzidos a dupla e ao simples trabalho instrumental com ares de jam, a riqueza está, mais uma vez, nas melodias envolventes e na atmosfera, com muitos destes repetitivos riffs a remontar a um “The Bees Made Honey in the Lion’s Skull,” possivelmente o melhor álbum desta faceta sonora dos Earth.

Dá para pintar paisagens, deixar embalar pelas repetidas melodias – e até nem abusam tanto, há temas com duração menos longa – e para termos a imagem de um Dylan Carlson dedicado a dedilhar a sua guitarra sem saber/querer saber que o estamos a ouvir. Potencialmente desapontará quem se entusiasmou bastante com a nova proposta de “Primitive and Deadly” mas a repetição dos Earth só existe nos temas e não de disco para disco, nunca sabemos o que esperar e a genialidade do costume está cá. Um disco tenso e aprazível nisso mesmo. Como os Earth sempre foram.

Músicas em destaque:

Datura’s Crimson Veils, She Rides and Air of Malevolence, A Wretched Country of Dusk

És capaz de gostar também de:

Dylan Carlson a solo, Boris, Barn Owl


sobre o autor

Christopher Monteiro

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