Seja por serem uma homenagem aos ídolos da má vida de antigamente, os tais “dead drunk friends” de Alice Cooper, ou apenas por serem um supergrupo que junta nomes gigantes como o de Cooper, Joe Perry e o outsider Johnny Depp, estes Hollywood Vampires nunca precisarão de muito esforço para se tornarem mediáticos. Mesmo que o novo “Rise” até tente baralhar as cartas.

Passaram de uma banda predominantemente de covers, para uma banda “a sério” que já tem um repertório maioritariamente constituído por composições originais e apenas três covers – e os desempenhos vocais de Perry e Depp em “You Can’t Put Your Arms Around a Memory” de Johnny Thunders e “Heroes” de David Bowie respectivamente, podem fazer variar muito as reacções. O propósito acaba por ser o mesmo, que é homenagear o bom e mal-comportado rock ‘n’ roll de antigamente. E o produto também: a figura central é obviamente Alice Cooper e continuamos a não querer trocar qualquer disco seu em nome próprio por qualquer um destes registos, por divertidos que sejam. São canções de hard rock no estado puro e com a barba rija. Algumas experiências como o spoken word recitado com acompanhamento acústico na conclusiva “Congratulations” ou “We Gotta Rise,” de longe a mais divertida de todo o conjunto, que tanto pode servir de hino de bar para a bebida ou até para um hino futebolístico Inglês. Mas as referências clássicas mantêm-se intactas, seja a dos próprios membros – “Mr. Spider” com uma letra vinda direitinha do beco do Sr. Cooper e “New Threat” com todos os ares de Aerosmith – ou de influências, como em “Welcome to Bushwackers” – onde ainda cabe Jeff Beck – onde se sente tanto uma presença sulista como de Marc Bolan e os seus T.Rex.

No final, “Rise” é um disco que diverte durante a sua duração, sem se tornar tão memorável quanto isso, apresenta umas quantas interludes de utilidade questionável e não nos esclarece em relação ao seu objectivo, se é mesmo uma festa e um tributo ao rock e aos velhos amigos ou se é um cashgrab de fusão de nomes. Para possivelmente nem passar, em termos mediáticos, daquela banda onde toca e canta o Johnny Depp. Ainda será competente como um disco feito entre amigos, para amigos.