Reportagem


Stella Donnelly

Ponto de exclamação num belíssimo concerto de estreia em Portugal

Praia Fluvial do Taboão

15/08/2019


© Hugo Lima / Vodafone Paredes de Coura 2019

Stella Donnelly é dona de uma sinceridade e de um dos melhores sorrisos da História do festival, mostrou Beware of the Dogs (2019, Secretly Canadian). Começo na calmaria com Grey e U Owe Me, com banda completa a partir de Old Man, esta uma MPB à australiana.

Filha de uma enfermeira e de um professor de dia e cantautor e comediante de noite, a ascendência é evidente no sentido de humor latente nas canções e na sua atitude em palco: pergunta-nos se “há cervejas merdosas em Portugal?”, ao que o público responde “SAGRES!”, rematando Donnelly com “perguntei isso na Bélgica e iam-me matando!”. Ainda no humor, imita o sotaque galês da mãe (que também leva desculpas) e bate-se com Mosquito, acompanhada do teclista.

Agradece profusamente a presença dos fãs e manda beijinhos aos Khruangbin, para ela a melhor banda do Mundo. Não é apenas Stella que tem sentido de humor; também o seu baixista toca os acordes de baixo de Seinfeld entre músicas – dizemos, com propriedade, que Stella Donnelly seria um excelente engate para Kramer, que tiques de croma não lhe faltam. De seguida, uma prenda: Season’s Greetings.

 

 

O catálogo sónico de Donnelly abre-se em Bistro, não sem antes anunciar que “esta é electrónica mas não é EDM, portanto fode-te Darude!”. Dança mesmo dança foi com Die, com a croma Stella Donnelly a alinhavar uma dança à moda dos Village People. Uma nota de seriedade com o intróito anti-assédio sexual de Boys Will Boys (e um assomo de noção ao referir que a maior parte dos homens não é assim), balada de retrato frio da realidade e afecto ferido no impressionante timbre no refrão.

Ponto de exclamação num belíssimo concerto de estreia em Portugal.


sobre o autor

José V. Raposo

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