Parece que aconteceu mesmo. Já existe um novo álbum de Tool para comentar aqui por estas andanças! Estamos mesmo a viver esses surreais e até há tão pouco tempo aparentemente longínquos tempos. Já ninguém sabe ou quer saber o que raio é um “Chinese Democracy” e tudo aguardou a chegada de “Fear Inoculum,” o disco que vem com tudo para desapontar de antemão ou fazer tudo render-se independentemente do que realmente contenha ou não.

Já lá vão 13 anos desde que “10,000 Days” fez fãs de Tool render-se, – e mais alguns render-se à fraca e errónea interpretação de “The Pot” – e por muito tempo foi esse o último disco que tínhamos do criativo e enigmático grupo de Maynard James Keenan, Adam Jones e companhia. Um sucessor era uma luz muito fosca ao fundo de um túnel que não sabíamos se realmente tinha fim. Nem a música antiga se encontrava nas modernas “lojas” do costume. Era suposto ainda haver Tool sequer? Também esperámos bastante por um novo de A Perfect Circle e aí acabou ele por chegar, podia ser sinal de que Maynard acordava e queria acordar a sua colectiva besta e trazer-nos um dos discos mais aguardados de sempre. Meio caminho andado para a desilusão, muitos já nem saberiam onde colocar a expectativa após tão longa espera. Toca a faixa-título promocional a trazer-nos aqueles ambientes esotéricos que só nos lembram esta malta, a voz inconfundível de Maynard aqui na sua mais ambiciosa técnica e uma “Pneuma” a lembrar-nos uma “Schism” mais enaltecida ainda e afinal está tudo bem. Os Tool estão mesmo de volta, como os conhecemos.

Trazem o som familiar, que é a marca Tool, ainda nenhuma banda soa igual – e fica o recado para muitas bandas, não só os Chevelle, são muitas – e por acaso até é um sucessor lógico na sua cronologia em vez de uma data de canções nostálgicas que reconheçamos como “aqueles” Tool. É mesmo um passo em frente, mais ambição, canções mais progressivas, – as durações dos temas não deixam enganar ninguém – mais letras enigmáticas, negras e simbólicas, mais ambiental naquela vertente melancólica que já vem desde o “Lateralus,” uma ainda maior procura pela obra-de-arte completa do que pela malha de assinatura – sem tirar coisa alguma a qualquer “Sober” ou “Stinkfist” que já nos fizeram as delícias e são cinco estrelas como tal. Tanto tem uma faixa-título mais ambiental como uma “7empest,” a favorita de toda a gente, a trazer peso para o álbum todo e a deixar um mais metálico “Ænima” orgulhoso do seu descendente. É álbum de precisar de várias audições, sim. Mas felizmente, também as queremos e procuramos. E depois de o conhecermos melhor e de o deixarmos entranhar melhor, na altura de refazer o ranking dos discos dos Tool, “Fear Inoculum” não ficará em posição mais baixa. E sim, já temos mais um para isso. Aconteceu mesmo!