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No ano em que se celebram 40 anos da estreia de Apocalypse Now (1979), o seu realizador, Francis Ford Coppola, supervisionou uma nova montagem e um restauro digital em 4K, com um profundo trabalho sobre o som, e assumiu esta como sendo a versão definitiva do seu mais mítico filme.
A versão de estreia em 1979 tinha 147 minutos. Em 2001, Coppola pôde repor uma série de cenas que tinha sido obrigado a retirar para encurtar o filme e estreou então a versão Redux, com 202 minutos. E agora, o realizador apresenta a Final Cut, de 183 minutos, desta obra de arte visual, surreal e alucinatória, e que é um incontornável épico sobre o horror da Guerra do Vietname, um dos eventos mais trágicos da segunda metade do século XX.
Apocalypse Now: Final Cut será exibido no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, no dia 20 de Outubro, pelas 16h. Uma estreia absoluta em Portugal
O filme é protagonizado por Marlon Brando, Martin Sheen, Robert Duvall, Dennis Hopper, Harrison Ford e Laurence Fishburne.
Inspirado na trama de Coração das Trevas (Heart of Darkness) do escritor britânico de origem polaca Joseph Conrad, Apocalypse Now conta a história da subida do rio Nung pelo capitão Benjamim Willard (Martin Sheen) com a perigosa e alucinante missão de executar o coronel Walter E. Kurtz (Marlon Brando) que, no vizinho Camboja, se tornou um déspota incontrolável venerado pelas tribos locais.
Durante a estreia do filme em Cannes, em 1979, Coppola afirmou que Apocalypse Now não era um filme sobre o Vietname, mas antes o Vietname, assumindo uma posição muito crítica em relação à atitude dos norte-americanos naquela guerra onde, com acesso a dinheiro e a armas – e, portanto, poder –, se transfiguraram e entregaram à loucura e amoralidade. Mas este é também um filme sobre as profundas transformações que os horrores da guerra provocam no âmago da consciência e das emoções do ser humano.
Foram 238 dias de filmagens nas Filipinas, 250 horas de material e uma derrapagem para mais do dobro do orçamento previsto, o que obrigou Coppola a hipotecar tudo o que tinha para poder terminar o filme.
Os dois anos de montagem de Apocalypse Now resultaram numa obra gigantesca – e ainda assim considerada um work in progress pelo realizador –, com cenas e elementos de antologia e que se tornaram memoráveis referências culturais do século XX. O famoso ataque à aldeia ao som de A Cavalgada das Valquírias, de Richard Wagner, entrou nos cânones do cinema; assim como a não menos famosa frase de um dos intervenientes – «Adoro o cheiro de Napalm pela manhã» –; ou ainda a mítica canção The End, dos The Doors.
Nesta nova e derradeira versão, Coppola não se limitou a fazer um simples restauro digital 4K. O processo técnico e criativo envolveu mais de um ano de trabalho de arquivo e conseguiu recuperar extraordinários detalhes da imagem, sobretudo nos planos noturnos, através de um novo processo de digitalização dos negativos.
Ainda mais notável é o trabalho de som, feito a partir da gravação original em seis pistas, o que não só permitiu torná-lo mais límpido e recuperar os sons de baixa frequência, como refazer as misturas recorrendo às tecnologias mais modernas de pós-produção, adaptadas também às condições atuais de exibição das salas de cinema.
Em 1979, Apocalypse Now foi recebido em Cannes com um longo aplauso evenceu a Palma de Ouro. Nesse ano, foi nomeado para oito Óscares (onde ganhou nas categorias de Fotografia e Som) e arrebatou diversos Globos de Ouro e prémios BAFTA. Mais importante é o legado que Coppola deixa para a história da 7.ª Arte, com um dos maiores filmes alguma vez feito, uma obra fundamental que se tornou uma influência para inúmeros cineastas e que vem sendo revisitada e admirada de geração em geração. E que reencontra agora, nesta derradeira e restaurada versão, toda a sua magnificência.
Temporada de cinema do Centro Cultural de Belém 2019/2020
20 Outubro 2019: Apocalypse Now (1979)
1 Novembro 2019: O resgate do Soldado Ryan (1998)
29 Dezembro 2019: My Fair Lady (1964)
26 Janeiro 2020: Morte em Veneza (1971)
22 Março 2020: Rebel without a cause (1955)
3 Maio 2020: Vertigo – A mulher que viveu duas vezes (1958)
7 Junho 2020: A conquista do Oeste (1962)
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)