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Estamos em 2019. Os The Who, por esta altura, celebram os 54 anos de “My Generation”, o seu álbum de estreia que os fez as lendas incontornáveis do rock que são hoje. Mas também é um ano em que sai “WHO”, o muito improvável novo disco da banda, treze anos após o já surpreendente “Endless Wire”, de 2006, disco que interrompeu um hiato discográfico de 24 anos.
Até se pode questionar toda a criatividade do título do disco ou o timing de declarações estapafúrdias e despropositadas do lendário guitarrista Pete Townshend a agradecer a Deus pelas mortes dos ex-parceiros de banda, da secção rítmica, por não tocarem tão bem quanto isso, numa altura em que tinha disco novo para publicitar. Vamos antes olhar para os The Who como a entidade que são, para um dos maiores legados do rock, para uma carreira recheada de clássicos. Para alguém que lança um disco tão inesperado, que pode bem ser o último, já quando nem sequer esperávamos que isso fosse acontecer. Há um passado e um legado a respeitar. Mas não só pelos ouvintes, também muito pelos próprios músicos. E a quem apontam com esta improvável nova obra? Os velhos fãs que já cantam toda a sua década de 70 ao contrário ou alguma malta nova? – aqueles a quem tenham que ser reduzidos aos gajos das músicas de todos os “CSI“.
É mesmo disco de trazer a familiaridade, de reconhecer os velhos como sempre foram, como um esforço propositado de soar a si mesmos para lembrar os velhos tempos. “The Who by Numbers” é título de um clássico álbum de 1975, mas até podia ser o título deste dada a forma cuidada como tratam todos os pormenores “à Who” que façam reconhecer os temas, desde o uso das teclas à guitarra instantaneamente reconhecível de Townshend. É certo que aquele ombro já não gira com a mesma perícia dos velhos tempos e a pobre voz de Roger Daltrey já levou com as décadas todas encima. Estes The Who, que tanto cantaram no seu tempo que eram jovens e rebeldes e que iam morrer assim mesmo, já estão velhos. E reconhecem-no, com letras a abordar abertamente a velhice e até a mortalidade. Tanto a sua própria como a dos fãs que envelheceram com eles. De tal maneira que a abordagem moderna do tema “Break the News” a trazer uns estranhos ares de Imagine Dragons até soa bastante estranha e deslocada aqui, num disco meramente nostálgico e introspectivo. Sem acrescentar qualquer clássico ao repertório, – tem tantos como já tinha o “Endless Wire” e até mesmo o “It’s Hard” – é um álbum meramente agradável, a lembrar que o rock, mesmo velhinho, ainda vive.
All This Music Must Fade, Ball and Chain, I’ll Be Back
Os bons e velhos Who, certo?