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O rock progressivo deu muito fruto e do bom na década de 70. Na altura de listar os grandes clássicos, os óbvios que nunca falham, a lista ainda se consegue esticar sempre para uns quantos, foi um movimento riquíssimo. E no entanto ainda parece um pecado que “A Tab in the Ocean”, disco de 1972 dos Nektar, não conste, por norma, nesse desfile. Dos grandes subvalorizados do género, não será agora após cinquenta anos de carreira e com um novo “The Other Side” que se vão revelar.
Especialmente após tantas mudanças de alinhamento a culminar agora numa reunião de membros que maioritariamente já lá esteve sem ser ao mesmo tempo, ou que não se encontrasse reunida há décadas. E ainda tendo em conta o falecimento da restante peça central dos Nektar, Roye Albrighton, já em 2016. Podia ser um desastroso pedaço de tentativa de nostalgia mas se “Megalomania” de 2018 os apresentou em boa e interessante forma, o consciente “The Other Side” supera. “I’m on Fire” abre a levar-nos para a década de glória deste grupo, os 70s, o que se justifica pelo tema já ter começado a ser concebido nesses tempos. “Skywriter” prossegue o lado melódico que causava vício num género mais complexo e menos acessível e o solo de órgão até pode levar mais atrás no tempo, à década anterior e à forma mais prototípica do prog rock, que lembre uns Procol Harum. A medley “Love Is / The Other Side” no total dos seus dezoito minutos traz tributo a Roye, melodias à Beatles, musicalidade complexa, passagens psicadélicas ambientais, a receita toda. “Drifting” e um simples riff mais hard rock e sintetizadores em domínio olham mais para a década de 80 e a sua onda “neo.”
Só nesses quatro primeiros temas estão quase três quartos-de-hora, um bocado mais que o já aqui mencionado “A Tab in the Ocean”, e logo aí um álbum completo, caso quisessem. No entanto deixam o disco ultrapassar a hora de duração e, felizmente, conseguem não deixar a atenção dispersar-se ou o ímpeto esmorecer. Mantém os factores apelativos dos temas já aqui brevemente descritos – “Devil’s Door” é extremamente cantarolável e “Look Thru Me” é a passagem acústica baladeira necessária. Não podemos vir para aqui à procura de uma nova “Desolation Valley” mas tem muitas boas canções, a debruçar-se mais sobre o rock melódico e sintetizado e em bons solos do que na parte mais space rock ambiental de outros tempos. Se fizeram toda uma carreira fora do radar de muitos, “The Other Side” prova que, não só são senhores com um repertório a descobrir, mas também têm propostas novas a valer a pena.
I’m on Fire, Love Is / The Other Side, Drifting
Gentle Giant, Banco del Mutuo Soccorso, Wishbone Ash