Sepultura

Quadra
2020 | Nuclear Blast | Groove metal

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Não há volta a dar na história dos Sepultura e isso não tem que ser uma coisa menos boa. Passaram-se uns bons anos desde o abandono dos irmãos Cavalera e, por muito que isso continue a ser um assunto, não há intenções de um regresso. Nesse sentido, seria de uma categoria imensa que todos pudéssemos apenas avançar e aceitar as coisas como elas são, de forma a diminuir a sombra que cai injustamente em discos bem conseguidos como “Machine Messiah” e este novo “Quadra.”

Em relação a este último, como o nome indica, divide-se em quatro partes, cada uma delas a revelar uma faceta diferente dos Sepultura, de forma inteligente. A começar é em grande e com estrondo: voltam-se para a sua fase mais antiga e disparam “Isolation,” “Means to an End” e “Last Time,” um tremendo hat trick com os que serão dos temas mais pesadões dos Sepultura em anos. Quando entram os ritmos tribais de “Capital Enslavement” sabemos que a coisa se modernizou um pouco e se aproximou do influente “Roots”, debruçando-se mais sobre o groove mais moderno, sempre com aquele cheirinho do nu metal que veio a influenciar. A trilogia de canções que se segue integrará a parte mais experimental da banda, a que faz torcer alguns narizes e com as três canções finais é que dão o salto perigoso: repletos de melodia, passagens acústicas, arranjos sinfónicos, vocalizações limpas a cargo da vocalista Brasileira Emmily Barretto, dos Far from Alaska, e estruturas progressivas. Podia ser a morte do artista mas é, na verdade, um grande momento, a juntar-se ao seu díspare início como pontos mais altos de “Quadra.”

Tudo isto junto podia dar numa salganhada sem nexo mas na verdade as alianças estão bem feitas, coesas e a funcionar muito bem no seu total. Será um daqueles álbuns injustiçados que talvez devessem ser ouvidos primeiro, e só depois serem identificados como sendo dos Sepultura, sem que se lhes possa tirar todo o mérito artístico que existe em “Quadra.” Com falta de referência que comprovasse que, com os irmãos Cavalera na banda, isto não tinha já estagnado há imenso tempo, e com esta constante e bem conseguida procura por inovação e amadurecimento, definitivamente estes Sepultura, fajutos ou não, são muito melhores a seguir em frente que uma larga fatia dos seus fãs.

Músicas em destaque:

Isolation, Means to an End, Fear Pain Chaos Suffering

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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