//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
“The Ghost of Orion” marca o regresso dos My Dying Bride aos discos após cinco anos e um período de complicações, marcando a maior fenda temporal entre álbuns. A saída de dois membros, com poucas cerimónias, abala qualquer banda mas o que terá levado o vocalista Aaron Stainthorpe aos mais escuro dos recantos terá sido o cancro, felizmente já ultrapassado, que afectou a sua filha pequena.
Alguém mais doentio que faça a óbvia associação entre escuridão, melancolia, depressão e a música dos My Dying Bride, fica à espera de um grande disco, mesmo que pelas piores razões. Mas também há material para os mais cépticos: a transição da banda Inglesa para a Nuclear Blast traz uma produção mais polida e veio com anúncio de que seria um registo mais acessível. Então pegando nesses pontos díspares, acontece que “The Ghost of Orion” até é um disco bastante familiar dos My Dying Bride, com a sua marca ainda inconfundível de death doom metal gótico da qual se podem gabar de ser pioneiros. O penoso arrastar dos riffs ainda traduz uma imensa dor mas sem deixar de lado a parte melódica que os torna memoráveis e Stainthorpe, com todas as razões para descarregar emoções neste registo, mantém a sua categoria vocal para que a melancolia e escuridão das letras não seja só uma gimmick e tudo isto seja um ambiente pesado do qual até necessitamos para lidar com os nossos próprios fantasmas.
O tal “disco familiar” com competência e que tivesse toda a pujança no sítio quando é para ser pesado e a melancolia quando é para derramar já seria suficiente para aclamar o novo esforço dos My Dying Bride, acalmar quem temia a mudança de casa, contentar quem vê aqui uma dura mas eficaz terapia para todos aqueles momentos negros da vida, como aquele que Stainthorpe atravessou. Mas vão além disso, procuram surpreender com experiências como a minimalista “The Solace” com a participação vocal de Lindy Fay Hella dos Wardruna e os dois longos épicos, em especial o crescendo de “The Old Earth” que, no meio de toda a habitual melancolia, também nos quer a abanar a cabeça e com força. Se dá para debater a utilidade dos dois interlúdios, há malhas para lhes roubar a atenção e se o álbum ainda precisa de umas audições para se juntar ao repertório anterior, culpe-se uma discografia feita de clássicos. Porque “The Ghost of Orion” é um estupendo trabalho e, com álbuns destes, ficaremos sempre (in)felizes por ter os My Dying Bride por cá.
The Solace, The Long Black Land, The Old Earth
Paradise Lost, Anathema, Katatonia