Triptykon with The Metropole Orkest

Requiem (Live at Roadburn 2019)
2020 | Century Media Records, Prowling Death Records | Avant-garde metal, Metal progressivo/sinfónico, Doom metal gótico, Clássica

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Não é apenas um disco ao vivo qualquer, como conhecemos esse tipo de registo. Foi gravado ao vivo no Roadburn, a abertura e a conclusão são conhecidas de passados registos discográficos dos Celtic Frost, mas é uma peça original. Não se sentindo exactamente como o terceiro disco oficial dos Triptykon, na hora de listarmos as obras-primas que Tom G. Warrior já assinou com este ou outro colectivo, queremos que “Requiem” seja um álbum oficial dos Triptykon.

É um registo muito ambicioso e arriscado. Mas se há alguém que o podia fazer era Tom G. Warrior. Não falamos aqui de um tipo qualquer que toca para esta ou aquela banda, é mesmo um dos gajos que criou a parte extrema do metal e que depois teve a lata de o empurrar em direcções mais vanguardistas e experimentais, capaz de despir disso tudo para fazer um álbum de glam. Sim, é um tipo com essa coragem. E quanto às suas capacidades, além desse negócio de ser pioneiro do metal extremo em todas as suas facetas, também assina aquele que possa ser um dos melhores álbuns de regresso de sempre – ou vamos deixar-nos de “talvez” e de “um dos” e dizer de uma vez que é o melhor álbum de regresso de sempre – e segue-o com uma nova banda que nem nos deixa ter saudades de uma entidade tão importante como foi a banda anterior. Portanto se Tom G. Warrior quer fazer uma peça de música clássica, gravada ao vivo, que ele até já andava aí a prometer há um tempo, o que temos a fazer é calar, sentar e ouvir mesmo com ouvidos de ouvir.

E os ouvidos são recompensados. Se não são aquelas descargas difíceis de descrever em peso e atmosfera que foram “Eparistera Daimones” e “Melana Chasmata” também não lhes fica a dever alguma coisa na atmosfera que se sente, uniforme mas variadíssima. A supremacia é da orquestra, mas o peso não fica submerso por toda a sinfonia, é mesmo um trabalho conjunto. Sem haver aqui uma “Goetia,” não falta o peso característico de Warrior e todas as suas encarnações artísticas – e a abertura da nova “Grave Eternal” até é feita com um riffalhão de fazer tremer tudo, portanto não somos atirados para território estranho. Em nenhum momento estamos em território estranho, os tais riffs e aquela inconfundível voz monótona de Warrior exclama “Triptykon,” sem que essa identidade se perca nos domínios atmosféricos da secção orquestral. Conhecemos o monstro por trás da bonita roupagem e tudo faz sentido em conjunto. O tributo a Martin Eric Ain, a voz de Safa Heraghi, o solo à Pink Floyd ainda perto do início, a perfeita fusão, a originalidade, tudo. Sai uma das obras mais assombrosas que, nessa sua escuridão, até vem embelezar os nossos estranhos dias actuais. A ver quem é que faz outro destes, em trinta anos, ou em quarenta, cinquenta, numa vida inteira. Ah, e não vale ter formação musical, que o Sr. Warrior tem a carreira que tem sem isso.

Músicas em destaque:

As três partes em que a peça se divide

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Blind Guardian Twilight Orchestra, Jaz Coleman & St. Petersburg Philharmonic Orchestra. Tudo recente e isto ainda vai pegar moda.


sobre o autor

Christopher Monteiro

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