Winterfylleth

The Reckoning Dawn
2020 | Candlelight Records, Universal Music Operations | Black metal

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Os Winterfylleth já devem estar de energias recarregadas, dois anos após o surpreendente e controverso álbum acústico “The Hallowing of Heirdom” que bem podia servir para isso, acalmar e, talvez até, tirar um sono. O seu antecessor “The Dark Hereafter” já acusava realmente algum cansaço, portanto justifica-se. “The Reckoning Dawn” devia ser aquele espasmo de energia revigorada após uma boa e necessária sesta.

Não é que os Winterfylleth tenham feito a sua carreira a partir do mais demoníaco e cru black metal, mas tinham as doses certas de agressividade para que o seu black metal mais melódico não se perdesse no seu próprio ambiente e acabar com os tiques do mais saturado black metal atmosférico, para onde “The Dark Hereafter” já estava a resvalar. Por muito divisor que fosse o acústico “The Hallowing of Heirdom,” realmente torna-se útil se servia para descarregar toda essa vontade de explorar apenas o ambiente sem mexer na agressividade. “The Reckoning Dawn” já rasga, já mói, já traz uns ares gelados a contrastar com o nosso actual clima quente, já tem alguns dos melhores e mais potentes riffs em anos e estruturas que ajudem a que os temas de longa duração não cheguem a cansar.

Ainda a apoiar-se na herança Norueguesa no que diz respeito aos melódicos e frios riffs tremolo, a pedir algo emprestado à zona florestal Norte-americana e à sua onda mais ambiental e esotérica de black metal, com alguma ambiência dos vizinhos a nordeste escandinavos, sem largar a sua própria herança Britânica como centro de tudo – não se iam auto-intitular de “english heritage black metal” e ter um nome retirado do Inglês antigo para seguir os clichés nórdicos – e os Winterfylleth mostram como souberam recuperar a força e interesse da sua fórmula aqui recuperada e aperfeiçoada. Mais agressivo, sem deixar a parte ambiental de parte; mais progressivo e sem deixar as passagens acústicas e sinfónicas de lado, apenas as usam melhor, que é o elogio mais rigoroso que se pode fazer a este disco, fazem o que costumam saber fazer mas melhor. Tomem-se a faixa-título e o seu sangue melódico, “A Greatness Undone” a ensinar a construir um clímax e a catártica conclusão que é “In Darkness Begotten” a fazer-nos prometer que havemos de voltar. Sejam bem-vindos de volta!

Músicas em destaque:

The Reckoning Dawn, A Greatness Undone, In Darkness Begotten

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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