Forgotten Tomb

Nihilistic Estrangement
2020 | Agonia Records | Black/doom metal

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Não fosse a carreira assídua e frutífera a chegar agora aos nove álbuns de originais, sempre com aquele clima e disposição que lhes são característicos, e entenderíamos que esta seria a altura mais ideal e motivadora para uma banda como os Forgotten Tomb, Italiana ainda por cima, lançar um álbum como “Nihilistic Estrangement.

Dos primeiros portadores de um tão infame rótulo, que recusavam, como “black metal depressivo” a par de uns colegas mais a Norte, os Shining, – e não é descabido assumir que já muitos lhes confundiram capas dos discos! – foram também eles capazes de evoluir além do gritante e cortante ambiente suicida que assombrava os primeiros registos. As letras tornaram-se mais pessimistas mas menos derrotistas, mais voltado para um aceite negativismo global do que para suicídio propriamente dito. E a música expandiu-se para além do black metal, a fundir-se ao doom para dar numa roupagem mais progressiva. É o que continua em “Nihilistic Estrangement,” registo que funde black com doom, para o ambiente não aclarar além do breu. Composições cuidadas para nos dar uma falsa promessa de claridade com um cariz algo épico em riffs e melodias com algo de heavy tradicional, mas arrastado e berrado com uma fúria que a cobre novamente de bruma.

São esses contrastes que tornam o disco mais interessante, além da força das melodias e riffs capazes de carregar canções longas, e estruturas fortes que lá forçarão alguém a ter que classificar isto como “post-qualquer coisa.” Não se faz só de atmosfera, nem só de peso, – a segunda parte de “Iris’ House” e metade de “Distrust3” faz-nos interromper a nossa contemplação dos fins para abanar a cabeça – e abre portas para posteriores novos experimentalismos, especialmente a longa faixa-título. Não é difícil considerar que há fusões destas feitas com mais interesse ainda, como uma proposta de uns mais pesadões Inter Arma, mas a reinvenção contínua dos Forgotten Tomb continua a correr bem e não há disco que não cumpra o seu propósito. Este dá-nos as boas-vindas à época balnear com um álbum outonal e chuvoso. Ou, para uma adaptação contemporânea, em tempos de melhor respiração e desconfinamento gradual, este chuta-nos novamente para dentro, mas de um buraco ainda mais escuro e fechado.

Músicas em destaque:

Active Shooter, Iris’ House, Nihilistic Estrangement

És capaz de gostar também de:

Agalloch, Nachtmystium, Shining


sobre o autor

Christopher Monteiro

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