Long Distance Calling

How Do We Want to Live?
2020 | InsideOut Music | Pós-rock, Rock progressivo, Electrónica

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Se os Long Distance Calling ainda passam despercebidos a quem não esteja tão familiarizado com muitos actos notáveis de música instrumental Europeia, já se fizeram notar bastante nos seus mais de dez anos de carreira, ao impressionar com o seu pós-rock musculado, e até quando começaram a saturar ali por volta do auto-intitulado. E quem se esquece quando perderam a cabeça e fizeram aquele par de discos com voz? “How Do We Want to Live?” já não é álbum de alguns estranhos.

Há desde logo uma variedade na capa, diferente daquilo a que os Alemães nos têm habituado, com uma arte que remonte a algum universo de Philip K. Dick ou George Orwell. Compreende-se com a música, mesmo instrumental, a contar-nos uma estória futurista e distópica, a tocar em assuntos tão delicados quanto a relação entre o homem e a máquina, domínio robótico, supremacia de Inteligência Artificial, tudo aquilo que já foi uma ficção científica bem mais distante que o que é agora. Tanto passa pela viagem física como pela mental, tocando em temas religiosos, filosóficos, existenciais e até propostas mais bizarras como a sexualização de robôs – que também já não é nada de outro mundo ou outro tempo muito distante.

Temos um conceito forte e a primeira aclamação é a clareza com que essa estória é contada com música instrumental, apenas auxiliado por ocasionais narrações. O tal dom que os Long Distance Calling têm. Mas como é a música que acompanha o conceito? Condiz perfeitamente com o pretendido e é mais um passo numa direcção diferente, isto tendo em conta que o género predominante é o pós-rock, facílimo de se limitar. É uma resposta directa mas antitética ao anterior “Boundless,” possivelmente o seu registo mais pesado. “How Do You Want to Live?” é o seu disco mais electrónico, de texturas espaciais, atmosferas sintetizadas e uma vibe de synthwave à 80s que até dá uma luz mais utópica a todo esse confuso futuro que nos parece esperar. São capazes de transitar de uma secção mais pesada como o clímax de “Voices” para um interlúdio mais trip hop como é “Fail / Opportunity” e de tornar os sintetizadores uma espécie de “vocalista” em canções memoráveis e contagiantes. A surpresa vem em “Beyond Your Limits,” a que realmente tem voz não narrada, pertencente a Eric A. Pulverich dos Kyles Tolone, vocalista intencionalmente desconhecido, que canta cheio de alma para um tema orelhudo a fazer lembrar algo de um metal alternativo acessível. Uma bela viagem, esta que os Alemães proporcionam e fácil de acompanhar. “Curiosity is a bastard” é uma frase realçada na narração introdutória e até deve ser verdade, mas no que diz respeito à descoberta desta banda e deste disco, traz recompensas.

Músicas em destaque:

Hazard, Voices, Beyond Your Limits

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God Is an Astronaut, 65daysofstatic, And So I Watch You from Afar


sobre o autor

Christopher Monteiro

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