Haken

Virus
2020 | InsideOut Music | Metal progressivo

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Ele há coisas do caraças. A meio do tórrido Verão do ano mais estranho que todos nós, de múltiplas gerações, já terão vivido, chega o novo álbum dos Haken. Adiado uma data de vezes por aquelas razões que tocaram a todos. Planeado desde o início do ano, escrito desde antes, ligado ao álbum anterior “Vector” já de 2018. E o sacana tinha que se chamar “Virus.” Quase que queremos culpar os gajos, quando nos deparamos com uma coincidência destas.

Mas em vez de nos virarmos ao calduço à banda, que eles não têm culpa e até saíram bastante prejudicados desta brincadeira, devemos compreender que realmente o conceito segue o antecessor “Vector” e até pega em noções já apresentadas no aclamado “The Mountain,” disco de 2013 que levantou completamente o véu que taparia esta banda Britânica dos mais sedentos de música progressiva moderna. E não é só em conceito, musicalmente também continua uma caminhada já iniciada há muito tempo. Sempre multifacetados na sua abordagem moderna da música pesada progressiva, – sempre com alguém pronto a atirar “Dream Theater” com uma fisga quando lhes quer retirar valor – já passaram pelos acenares ao prog rock mais antigo, cederam a uma electrónica mais 80s em “Affinity” e renderam-se ao afamado “djent” em “Vector,” disco que mais escancarou as portas ao modernismo para os Haken.

O riff que irrompe de “Prosthetic” – não estão aqui para engonhar muito, o arranque até é bastante imediato – confirma que é nessa vertente que se mantêm, sem cair em esparrelas de ser uma banda básica de djent, riffs graves básicos e tudo aquilo que podia alienar o fã de um álbum tão completo como “The Mountain.” Com algo de TesseracT que se apalpe, com menos ênfase no ambiente e bem mais focado na dinâmica “riff + melodia,” pode soar ao que uns Rush modernos de um universo paralelo pudessem andar a fazer nestas últimas décadas. Sem descartar muitas outras vertentes. Já sem insinuações, Dream Theater é realmente uma referência. Uns jeitos à Animals as Leaders não são descabidos de se notar e até um pouco de Tool pode espreitar e surpreender. O que há é bastante Haken, sempre a administrar o peso, a melodia, as estruturas complexas, o ambiente e o acessível. Encontra-se tudo isso no épico “Messiah Complex,” dividido em cinco partes e destacado pela banda como o seu trabalho mais ambicioso. Confirma-se. E as boas notícias: o disco nem é só esse tema. Banda que sabe arriscar com juízo e talvez o maior risco seja mesmo fazer-nos dizer que afinal houve um “Virus” bom a chegar a nós em 2020!

Músicas em destaque:

Prosthetic, Carousel, Messiah Complex

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Leprous, Caligula’s Horse, Riverside


sobre o autor

Christopher Monteiro

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