Deep Purple

Whoosh!
2020 | EarMusic | Hard rock

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Deep Purple, nome de se estranhar que tenha vindo a aparecer tanto por aqui. Provavelmente não atinam com títulos de grande valor desde o infame “Bananas” e esse disco, então, o culminar ou epicentro de um período discográfico mais desastroso na longa carreira dos Ingleses. Mas atentemos a esta recente trilogia, olhemos além de um título como “Whoosh!” – que até nem deixa de ter o seu charme – e notamos que algo se passou. Algo na água que beberam. Esta malta rejuvenesceu.

A fórmula para o recente sucesso pode ser o que se encontra para a base deste álbum. A noção. Noção da idade para não se armarem com invenções e saberem que são um acto clássico, aliado à noção de que são lendas do hard rock, logo saberão eles muito bem como escrever um hino como deve ser. Também há a total noção de que Jon Lord é insubstituível mas os Deep Purple sempre foram muito orientados por teclas e é possível deixar Don Airey brilhar e roubar o show, sabendo como ter lá a homenagem mas não a imitação, para singrar por si. Ian Gillan também tem a noção de que já tem 75 anos e que não vai soar como no “In Rock” ou no “Machine Head” mas também… Não é que haja algum defeito a apontar-lhe à voz. E se vamos fechar o parágrafo ainda a falar em noções, destaque-se a noção de que eles sempre tiveram ligações com o rock progressivo, mas que dá para as manter com composições mais curtas e directas, noção de que os clássicos estão feitos, e até a noção de que nada disto soa propriamente a música que se faça nos dias de hoje. Mas aí que tenhamos também nós a noção de que talvez lhes devemos agradecer por isso.

É o resumo ideal sem entrar naqueles pormenores de soa a isto e àquilo, quando os Deep Purple não são nenhuma banda a dar-se a conhecer. É claro que isto é hard rock à antiga, com a herança toda dos blues, capaz de pender para o suave lado mais progressivo, – “The Power of the Moon” – como para uma rockalhada dura como mandava a lei nos seus tempos, – “No Need to Shout,” “What the What” ou a instrumental “And the Address” – ou alguma sensibilidade pop surpreendentemente experimentalista – “Nothing at All.” Todo o disco soa à melhor “jam session” que estes avós poderiam sacar para fazer inveja a uma juventude muito formatada. E que mais lhes podíamos pedir? Tal como os anteriores, deixa-nos naquela: será este o último disco dos Deep Purple? Farão agora eles “whoosh!” daqui para fora? Não dá para saber. É que isto nem sequer soa a algo a esgotar-se!

Músicas em destaque:

Nothing at All, No Need to Shout, What the What

És capaz de gostar também de:

Whitesnake, Bad Company, Uriah Heep


sobre o autor

Christopher Monteiro

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