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O novo EP “Simple Songs for Complicated Times” foi um projecto espontâneo que começou numa caravana na floresta (perto de Lagos) durante a quarentena, devido ao COVID 19. Inicialmente, Time For T tinha pensado gravar um EP muito simples apenas com voz e guitarra mas acabou por pedir aos outros membros da banda e a alguns amigos que se encontravam em quarentena (entre Geneva, Lisboa, Madrid e Porto) para adicionarem as suas partes, porque cada um tinha a possibilidade de gravar em casa.
Este projecto, inicialmente solitário, rapidamente se transformou num trabalho colectivo à distância. Com a tecnologia à disposição, conseguiram criar este EP e aprender uma nova forma de fazer música.
O primeiro tema do EP, sobre os incêndios e a negligência da humanidade. Enquanto os fogos destroem milhares de hectares num momento de inferno, a vida turística na praia continua a poucos quilómetros com selfies e cocktails “Fire on the mountain while the tourists take selfies on the beach”. Uma justaposição impossível de ignorar. Pedimos uma ajudinha dos nossos grandes amigos Club del Río de Madrid para cantar coros e uns versos em Espanhol.
A canção mais crua do EP, apenas guitarra e voz, gravado num take na caravana. A composição era fresca e foi a primeira vez que a consegui tocar de seguida sem grandes erros. O tema fala de Brighton, a cidade onde este projecto nasceu e onde vivi 7 anos, há sempre uma saudade das pessoas e dos sítios que deixamos e Brighton não foi excepção. Uma cidade artística e de espírito livre, onde muita gente vai lá estudar e nunca mais de lá sai.
A quarentena trouxe-me uma perspectiva jamais experienciada e senti-me, pela primeira vez, cativo, tanto por mim e pela sociedade. Isto fez-me reflectir muito sobre a “invenção” do aprisionamento pelo ser humano já que isto não acontece noutros animais. Na verdade, aquilo que nos dá mais orgulho é o facto de sermos seres livres. Estes últimos tempos desafiaram estas noções de liberdade “Captivity, invented by a man like me, who’s greatest pride is to be free”.
Falando mais da canção em si, contamos com os coros das ilustres irmãs Catarina, Margarida e Marta Falcão, que entre elas, têm vários projetos que admiramos: Golden Slumbers, Vaarwell, Junno e Monday. O som ficou encargo do Hugo Valverde, que usou a sua máquina de fita para nos levar a um mundo intemporal.
Foi o primeiro single deste EP e o primeiro lançamento inteiramente em Português há muitos anos. Influenciado por voltar a viver em Portugal, desta vez em Lisboa, tenho estado cada vez mais a mergulhar na música lusófona, de Portugal a Cabo Verde, do Brasil a Angola. A ideia por detrás do tema é aquela situação onde todos nós já nos encontramos, quando estamos sem tempo ou energia para fazer tudo aquilo que queremos. Quando nos sentimos sufocados. A solução, no meu caso é tentar exprimir o que tenho na cabeça cá para fora, para me sentir confortável com aquilo que posso e não posso alcançar. O refrão da canção grita “Oh não, no que é que eu me fui meter, muita manteiga para o meu pão” mas na verdade, é um problema de luxo, pois muita manteiga para o nosso pão é melhor do que muito pão para a nossa manteiga. Conta com a participação do nosso grande amigo Simone (Cavalo 55) no banjo e do Juan Espiga nos coros.
Um tema velho e quase esquecido ressuscitado pela iniciativa da Vodafone Inéditos. Foi uma experiência muito interessante gravar este tema à distância, ao todo foram 7 músicos diferentes a gravar este tema em estúdios separados. O resultado ficou muito interessante pois com cada camada que adicionamos, a canção ia fazendo uma espécie de metamorfose até chegar ao ponto que está agora. O tema serviu perfeitamente para tempos de pandemia pois fala sobre a necessidade de estarmos no nosso “best behaviour”, ou seja, o nosso melhor comportamento. Os músicos convidados foram: Oliver Patrice Weder (Piano), Naima Lili (Coros) e Mattia Corda (Trompete).
Última faixa do EP. Um tributo à bohemia, em toda a sua glória e comédia trágica. O tema surgiu em plena pandemia e trata-se de uma lista de observações da vida em Portugal, mais concretamente em Lisboa na altura dos Santos “Aquele cheiro a sardinhas e haxixe, os santos devem estar felizes”. Há uma certa nostalgia dos tempos antes da pandemia e com tom satírico pelo tema fora. Na verdade, esperamos que tudo voltará ao seu sítio após este ciclo “amanhã é mais um dia que vai tornar-se ontem”.
Chamando o talento do nosso antigo colaborador Andrew Stuart-Buttle (Lucy Rose) de Brighton para adicionar arranjos de violino, a canção ficou imediatamente mais madura e sofisticada. O Andrew disse que gostou muito da canção mas que só percebeu as letras “cerveja e macieira”. Lá está, é um tema brincalhão sobre coisas sérias.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)