//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
“We are chaos, we can’t be cured” diz Marilyn Manson, acompanhado na escrita e produção do novo disco, pelo sulista do country Shooter Jennings. Alerta-nos logo para duas coisas: a seriedade emocional da sua mensagem e até um alerta sonoro para algo mais atmosférico e tradicionalista. “We Are Chaos” é mais um álbum de Marilyn Manson e a sua banda homónima, sem facilitismos.
Outrora um ícone juvenil do shock rock, Manson tinha muitas maneiras de lidar com a sua perda de relevância nesse campo, sendo a mais fácil e esperada a do desaparecimento ou total desatino. O anterior “Heaven Upside Down” já serviu bem para tirar a barriga de misérias de “coisas à antiga” e pega-se na serenidade de “The Pale Emperor” para um surpreendente “We Are Chaos.” Sim, as suas mensagens sempre foram muito pertinentes, directas e sérias, a tocar bem na ferida, mas já não procura tanto o choque e o sarcasmo e o novo disco enche-se de algo que nem sempre procuramos nos discos assinados por Manson & Ca.: humanidade. Crua. Sem perder uma ponta da sua habitual irreverência e sem sacrificar as suas identificáveis características sonoras, mesmo voltando-se para maiores auxílios de folk, country, rock de raíz, instrumentação tradicional – e, mesmo já tendo encorajado muita juventude a experimentar eyeliner e vestuário de tons mais escuros, isto deve ser o mais gótico que ele já soou. Afinal o Manson de “We Are Chaos” é capaz de ter uma preocupação sobre si mesmo e não quer ser mais subvalorizado – e já foi muito – como songwriter e não quer ser apenas um boneco a viver da sua imagem extravagante.
Visceral sempre foi. E, mesmo no seu mais excêntrico, havia sempre uma maturidade distorcida na sua postura. Mas olhando para os seus álbuns mais “adultos”: “Eat Me, Drink Me” é o seu registo de romantismo perverso que ainda acaba por ser dos seus discos mais depravados; “The Pale Emperor” é Manson a abraçar o seu envelhecimento com graça; “We Are Chaos,” quiçá o seu disco mais introspectivo, mais humano, mais cuidadosamente escrito, é bem capaz de ser verdadeiramente a primeira obra do homem por trás da máscara.
We Are Chaos, Half-Way & One Step Forward, Perfume
Nine Inch Nails, Deathstars, David Bowie em estado mais negro