Deftones

Ohms
2020 | Reprise Records | Metal alternativo

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Há rótulos ingratos e, sem qualquer pretensiosismo perante os valores do nu metal e a sua importância, é mesmo muito pobre para descrever os Deftones. Que tenham feito parte do movimento contemporâneo, já vão mais de umas surpreendentes três décadas de carreira da banda e hoje, com o novo “Ohms” já na bagagem, são eles próprios, difíceis de classificar e uma das bandas mais importantes do panorama de peso mais acima da superfície do reconhecimento comercial.

Com história suficiente e com tragédia q.b., superaram até mesmo o seu período menos inspirado e tiveram um renascimento pós-“Diamond Eyes” que nos trouxe três discos fantásticos que apenas poderiam dificultar a tarefa de ultrapassar ou dar seguimento. O peso adensou, deixaram-se invadir pela escuridão que os rodeava com os acontecimentos trágicos e conturbados e abraçaram por completo aquela tendência para a atmosfera de dream pop e pós-rock sem medos e que a voz de Chino Moreno sempre pediu. A combinação, que já tinha as suas sementes a brotar desde o “White Pony” e que tem estado sempre lá, ganhou uma intensidade, tanto em peso bruto como emocional que força a considerar a última década como possivelmente a fase mais forte e coesa do percurso dos Deftones. A abrir a nova e, para já, louca década, têm “Ohms” que não segue esse marco temporal como obrigação para se reinventarem outra vez. É a banda a reconhecer os seus pontos fortes, ainda a saber administrar todas as cores mais opostas que façam parte da sua panóplia e a escrever grandes canções. Não há ares de pressão deixada pela trilogia de álbuns anterior.

Ohms” podia ser o disco dos Deftones confortáveis e uma primeira audição mais distraída apenas detectará familiaridade. A viagem porém traz-nos muito mais, mesmo que se mantenha no mesmo cosmos para onde a banda nos leva sempre desde “Adrenaline,” como prova do quão abrasivo realmente é. A aproveitar influências electrónicas vindas de dentro da família e a apresentar o uso de guitarra de nove cordas, sabemos que o grupo anda ainda a explorar os espectros da sua própria sonoridade, a reforçar a inexistência de limites nesses mesmos e a aprofundar a densidade de tudo aquilo que os torna eles próprios. O percurso ascendente de uma banda com tanto para contar, que podia já ter rompido há anos e podia ainda estar a batalhar para sobreviver sob a sombra de um rótulo injusto, continua a expandir-se com “Ohms.” Para quê associá-los a uma moda se são intemporais e soam assim mesmo?

Músicas em destaque:

Genesis, Pompeji, Ohms

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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