Anaal Nathrakh

Endarkenment
2020 | Metal Blade Records | Black metal, Grindcore, Metal industrial

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As aclamações aos Anaal Nathrakh são muito imediatas. Sim, eles são muito assíduos na sua carreira de vinte anos e “Endarkenment” já é o décimo-primeiro álbum do seu percurso, no qual apenas da estreia para o segundo tiveram uma fenda temporal superior a dois anos. E já conhecemos bem o som deles, que têm vindo a evoluir, ao ponto de já termos uma ideia daquilo com que podemos contar. Mas mesmo apesar disso, parece que nos surpreendem sempre com a enxurrada de basqueiro feita por apenas dois Ingleses com algum bicho demoníaco no corpo.

Uma maneira também muito simples de dar os devidos louvores a “Endarkenment” é de uma forma tão enigmática quanto a própria música tenebrosa dos Anaal Nathrakh. Hesitamos entre afirmar que é o mais ruidoso e brutal desde o “Domine Non Es Dignus” e que é, na verdade, o seu mais melódico num percurso que tem vindo a abraçar cada vez mais essa faceta. Essa contradição faz-nos acreditar que ambas as afirmações estão certas… E também ambas erradas. Já sabemos que estamos perante um grande disco dos Anaal Nathrakh, então. Com aqueles grotescos ingredientes que não podem falhar: uns riffs tremolo de black metal em balanço com uns riffs mais core e modernaços, a chinfrineira toda do grindcore e umas batidas industriais a fazer o caldo borbulhar ainda mais. A voz de V.I.T.R.I.O.L. continua a ser caso de estudo, com a capacidade de oscilar entre a mais endiabrada berraria, voz limpa que pesque a Iron Maiden (!) e até um falsete à King Diamond é capaz de largar, só para nos assustar ainda mais. E o balanço entre a brutalidade, descarregada sem qualquer mercê, e a tal parte melódica com alguns refrães soberbos a ajudar à atmosfera catártica – gajos do power metal vendiam a colecção de espadas e doavam a cabeleira esvoaçante para sacar de um refrão tão épico como o de “Feeding the Death Machine.”

Isto são aqueles louvores básicos, em que descrevemos aquele som único dos Anaal Nathrakh, confortamos toda a gente ao assegurar que ainda está tudo bem feito e ousamos dizer que supera, pelo menos, os dois discos anteriores. Sim, está tão medonho e violento quanto queremos ou mais. Mas temos que olhar para outro factor, que é o de ter saído em 2020. Há lá disco que representa melhor este temeroso ano que este “Endarkenment?” Quando o ano (finalmente) acabar e fizermos sempre aquela reflexãozinha dos álbuns do ano, temos que olhar para os que estão mais bem feitos – “Endarkenment” qualifica-se, com todo o seu belo horror – e os que melhor retratam o ano. “Endarkenment” é 2020 mas numa chinfrineira que podemos desfrutar, nem que seja descarregando a nossa própria cólera.

Músicas em destaque:

Endarkenment, Thus, Always, to Tyrants, Feeding the Death Machine

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Fukpig, Cattle Decapitation, Pig Destroyer


sobre o autor

Christopher Monteiro

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