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Felipe Puperi é o produtor musical à frente do projecto Tagua Tagua, que editou no passado dia 16 de Outubro o álbum “Inteiro Metade” no Brasil, em parceria com a Natura Musical, e também em simultâneo na Europa, através do selo espanhol Costa Futuro, e nos Estados Unidos. Com nove canções, o disco mergulha entre timbres eletrônicos e orgânicos e apresenta uma faceta mais madura do artista, que até o momento contava com dois EPs na discografia: Tombamento Inevitável (2017) e Pedaço Vivo (2018).
Mesmo Lugar é a faixa que abre INTEIRO METADE e é também uma das mais animadas do disco. Foi a primeira a ser composta quando imaginei ter um álbum completo, pois flerta com o Soul, gênero que eu gosto bastante. Isso é bem notável na levada da bateria e também nas frases de sopros. A letra retrata o primeiro momento do reencontro da pessoa com ela mesma, depois de um longo período dividindo a vida com alguém. É o início do processo de ressignificação, a soma de mil sentimentos: euforia, tristeza, prazer, alegria, medo e solidão.
É a faixa que escolhi como música de trabalho do disco. Essa música trata com irreverência, tanto no arranjo quanto na letra, as dificuldades de nos desvencilharmos da outra pessoa. Você tenta, vai longe, e sempre acaba voltando nela, nem que seja apenas na imaginação. Essa canção também tem algo Soul, o que faz com que o álbum comece com uma identidade definida.
Aqui nesse momento o disco começa a dar sinais de uma introspecção que não havia aparecido antes. Com levadas orgânicas mas baseadas em beats eletrônicos, a música dá vazão a um estado mais etéreo. Ela passeia com os sintetizadores e piano elétrico por um grande sonho que, com poucos elementos, traduz o sentimento da letra no arranjo.
Essa canção foi, de fato, composta e gravada em 2016. Eu apenas regravei algumas coisas e fiz pequenas modificações no arranjo pra casar com o disco. Escolhi ela pra essa sequência, pois faria sentido no disco entrar esse momento nostálgico de reflexão. É uma música mais balada, que mostra uma certa melancolia e tristeza na aceitação de ressignificar a outra pessoa.
Bolha é uma música que já tocávamos nos shows e eu sempre pensei como seria tê-la no disco. Também tem pegada Soul, com naipe de metais e solos de sintetizador. A canção é uma auto analise bem pessoal. É o momento de olhar pra si e se perceber no mundo.
Foi a última canção composta no INTEIRO METADE, encaro ela como uma música mais “séria” que as outras. Essa faixa quase não tem guitarra, é toda baseada em sintetizadores e no beat.
É a música que dá título ao disco. A faixa representa bem o sentimento do álbum todo sobre o processo de ressignificação de pessoas dentro da nossa própria vida. Como o disco é quase uma linha do tempo dos momentos e reflexões desse processo, ela acaba sendo o ponto de intersecção entre a linha da saudade (na melancolia da letra) e a linha da aceitação (no arranjo fluido, leve, que indica o progresso). A música, de certa forma, exalta que não tem como passar por isso sem ser inteiro num dia e metade no outro.
Sopro, como o título da música diz, é um fragmento de sentimento. Gosto muito dessa canção, pois ela é totalmente experimental, tem apenas uma frase que diz tudo tinha ser dito. Já é uma preparação pra o novo que está por vir, é a aceitação, é a vontade, é tudo que eu nunca tinha feito antes nesse projeto também. Toda música é baseada em samples que criei no estúdio.
Talvez a mais melancólica de todas, a canção simboliza a fase final de todo esse processo bonito. “Vem, me abraça e me envolve nos teus sinais, que agora eu sou o mundo, que agora eu sou o mundo, que agora eu sou do mundo.” É a faixa mais lenta do disco, acho que a mais lenta que já lancei também.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)