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Um novo disco dos Pallbearer, como é este “Forgotten Days,” mais uma vítima dos adiamentos pandémicos malditos, é matéria para arregaçarmos as mangas e preparar a nossa atenção e concentração. Muito interesse numa obra que nos abre a mente para vários tipos de expectativa.
Os Pallbearer já fazem parte da coqueluche merecidamente aclamada do revitalizado doom metal arrastado dos últimos dez anos, disso não há duvida. E o antecessor “Heartless” foi toda uma abertura de horizontes para novas abordagens e roupagens. Isso já pode deixar um pé atrás em relação a potenciais mudanças e o que realmente pode causar receios é a assinatura com uma tal Nuclear Blast, editora gigante que pode elevar o seu estatuto comercial a novos patamares. Mas ainda mantemos aquela confiança no talento e génio destes senhores do riff lento, vindos do Arkansas. “Forgotten Days” pega realmente onde “Heartless” ficou e, sem que nos permita chamar-lhe propriamente um disco mais colorido, tem um ambiente com mais clareza a espreitar ao fundo do breu causado pelos riffs arrastados, – que há com fartura, aí é que não há queixa – e uma produção e sonoridade ambiental e orgânica que até possa lembrar por aí uns Baroness – uma excelente referência, afinal.
O peso avassalador dos riffs e a voz suave e melódica de Brett Campbell ainda casam muito bem, mesmo quando se parece puxar cada lado para mais próximo do seu extremo. E trazem muita vontade em realçar e enaltecer as suas tendências evolutivas, tanto com o reforço das melodias acessíveis e memoráveis – quem daí ainda está a cantarolar o refrão de “Cruel Road” do disco anterior? – como com a complexidade mais progressiva, que vai dando que falar cada vez mais. Se estamos envolvidos na mais imediata faixa-título de abertura, logo nos arrastam por um lamaçal com o vagaroso riff de “Riverbed” e num instante já estamos perante as ambições progressivas Pink Floyd-escas de “Silver Wings.” A missão já está cumprida na primeira metade, mas ainda nos conseguem surpreender no final com a sintetizada e estridente “Caledonia.” Tudo com coesão e num fio condutor contínuo. Não é um disco de entrada imediata, requer várias audições e os fãs mais puristas dos dois primeiros poderão ficar cépticos. Mas é uma prova irrefutável da força criativa que são os Pallbearer. Ainda podemos contar com eles, sim.
Forgotten Days, Silver Wings, Caledonia
Cough, Spirit Adrift, Baroness