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2020 é mesmo um ano para surpresas. E, felizmente, parece que ainda há espaço para algumas boas, agarremo-nos a essas. Como um primeiro disco dos Blue Öyster Cult, esses mesmos, em dezanove anos, uma novidade que até podia já andar a ser prometida assim de forma acanhada, sem garantias. Chega a nós na altura certa, precisávamos de algo tão reconfortante como lendas veteranas do rock a acreditar novamente na indústria discográfica, que já tinha perdido o encanto para eles, para um álbum que só transmite diversão.
Recorrendo à repetição de termos, são lendas. Das maiores bandas Americanas de rock de sempre. Mas não têm um percurso como as outras. Sim, eles têm mais de cinquenta anos de carreira, discos clássicos fantásticos mas há aquele certo azedume em reconhecer que, mesmo assim, permanecem um pouco como acto de culto. E não é só pelo gosto que tinham por temas de ocultismo, é mesmo porque os fãs sabem bem quem eles são e o seu valor mas, fora do espectro, pode ser preciso reforçar a memória e referir-se a eles como “os gajos da (Don’t Fear) the Reaper,” uma redução que se sente criminosa, por muito magnífica e perfeita que a dita canção seja. “The Symbol Remains” é um surpreendente novo álbum e é simplesmente um presente, uma hora bem passada, uma dose de malhas que hoje talvez já nem esperaríamos. Veteranos a divertir-se, sem a nossa exigência do seu tal êxito novamente reproduzido – a “Florida Man” até pode tentar enganar, sim, mas é propositado.
É um disco simples – “velhos” a rockar e bem, há lá melhor que isso? – mas também muito variado. É um tributo a si mesmos, às suas influências e aos seus influenciados. Se a abertura “That Was Me” é hard rock de respeito, são capazes de navegar com a maior das facilidades por aí, por um peso mais moderno, pelo rock FM, pelo progressivo, por um bom heavy metal, – malhas como “Stand and Fight” ou “The Alchemist” não podem sair de meros dad rockers – por melodias pop, pelo country e rockabilly, – tentem lá descolar da “Train True (Lennie’s Song)” – por um rock n’ roll bem sessentista, por aqueles hinos ensopados de blues comparáveis ao que os Deep Purple também andam a fazer bem nos seus trabalhos mais recentes. É boa referência comparativa, no geral, assim como também se podem largar nomes como The Doobie Brothers, Thin Lizzy, Alice Cooper ou, pasmem lá, Iron Maiden e Megadeth, nas tais faixas mais pesadas. Septuagenários que podiam estar aqui a divertir-se apenas com algum álbum de covers, novas roupagens de velhos temas, ou um álbum de originais muito simples… E afinal querem dar-nos uma viagem destas, um álbum tão versátil e criativo. Que mais lhes poderíamos pedir? Mais cowbell?
Tainted Blood, Nightmare Epiphany, The Alchemist
Deep Purple, Black Sabbath, Rush