Perseverança, persistência e essas coisas todas valem muito. Aliado a uma respeitosa ética de trabalho ainda mais. E podemos perguntar isso tudo aos Revolution Within, cuja estreia “Collision” já conta mais de dez anos e impôs a banda no panorama nacional de peso dentro de um género que entretanto sobrelotou e acabou por perder o fogo inicial. Hoje Revolution Within podia ser apenas um nome saudoso mas recusa-se, com um “Chaos” a mostrar que esta nunca será banda de baixar os braços e é já um quarto disco de uma banda com estrada e percurso.

“Chaos” é um título adequado para os tempos que correm, mas não fica propriamente a transmitir algo em relação ao seio da banda. Mesmo com mutações no seu alinhamento e com dois membros originais restantes, a banda que espalha o tal caos ao longo das oito canções soa coesa e intensa. Esta última, palavra-chave para o que se espera e requer num novo álbum dos Revolution Within. Com um estilo suficientemente directo para hoje já poderem estar em piloto automático, evitam-no. A fórmula até pode ser a mesma desde “Collision” mas cada sucessor foi feito com a consciência e intenção de superar o anterior e apontam sempre para editar o seu melhor álbum. E a razão porque ainda se mantêm e sucedem hoje é por cumprir minimamente com essa premissa. E fazem-no engonhando, com experimentalismos fora da caixa ou exibicionismos virtuosos? Nunca, “Chaos” só não será o seu disco mais directo porque a coisa sempre foi assim desde que cantamos o refrão simples e apelativo de “Surrounded by Evil.”

Tudo é feito para memorizarmos cada riff, cada momento, distinguirmos cada tema, tudo de forma breve, como melhor se consome esta música rápida e musculada. Mantêm a sua identidade de thrash moderno – bem influenciado por groove e por um death melódico que já beba ao hardcore – deixando entrar cada vez mais influência clássica do género – as portas para o thrash mais tradicional, de colete e embebido em cerveja escancararam-se no anterior “Annihilation” – e deixando a originalidade no segundo plano, favorecendo a pujança, a mossa deixada e o quanto as canções realmente se colam – se ouvem o breakdown da “Take You Down” sem procurar uma superfície dura para despedaçar, então não estão a ouvir isto como deve ser. Tudo cuidadosamente escrito e produzido para nos certificar de que nada aqui é feito à toa e basta-nos a primeira audição para o sabermos. É intenso e é para descarga, faz falta disso, fazendo dos Revolution Within, não só uma banda sobrevivente mas também necessária ao nosso tão multifacetado panorama de peso. E louve-se a vontade em dar-nos concertos, mesmo nas circunstâncias presentes. Mesmo que um disco como “Chaos” ainda deixe mais saudade dos palcos de “antigamente,” com a malta aos pinchos e à cacetada.