Draconian

Under a Godless Veil
2020 | Napalm Records | Doom metal gótico

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Aquele death doom metal gótico que se deixa afundar na melancolia fúnebre e balança o acto entre uma doce voz feminina e uns temerosos guturais. Não só não falamos de nada de novo, como parecemos mesmo ter recuado uns anos. Isto foi uma moda bem forte ali ao virar do milénio e trouxe-nos os Draconian já há uns bons 25 anos, entre muitos outros. Justifica-se um novo disco a manter exactamente a mesma fórmula? “Under a Godless Veil” deve falar por si.

Já ouvimos desta música, muito bem feita, pelos próprios, ou pelos Tristania ou os Theatre of Tragedy e até mesmo, e não finjamos que não nos lembramos, pelos Within Temptation na sua estreia. “Under a Godless Veil” pode cumprir por duas vias: ser um disco nostálgico acima do competente e até mesmo ser a mais aprazível e adequada experiência que nos acompanhe agora nestes escuros dias de Outono confinados. Vai além disso, prova-nos que lá porque algo teve o seu momentâneo hype, não deve deixar de ser feito ou ficar-se por ali. Afinal isto é perfeitamente adaptável aos dias de hoje e os Draconian podem soar nestes tão depressivamente belos temas tão bem e relevantes como já soaram quando fizeram voltar cabeças – e verter lágrimas, se for para a experiência completa – com os seus mais notáveis discos desde a estreia até ali por volta do “Turning Season Within.”

Talvez o seu registo mais suave e atmosférico, realmente embalado na aura gótica da coisa, convida-nos a realmente experienciá-lo como deve ser. Aproveitar um chuvoso fim-de-tarde ou noite desta época, fechados em casa a deixarmo-nos ir. A voz angelical de Heike Langhans ainda é o principal destaque e embala-nos nas suas suaves melodias, enquanto vão irrompendo as partes mais pesadas por entre o mais ambiental e dreamy que estes Suecos já tenham soado, ou a monstruosa contribuição vocal de Anders Jacobsson, sempre pronto para contrastar, mas aqui mais em segundo plano. Já estamos na paisagem pretendida, e lá, acabamos por descobrir os outros pormenores, por onde os Draconian abriram as asas na sua sonoridade, quer nos arrastos realmente mais funerários ou na parte mais ambiental, onde começam mesmo a pender para o pós-rock, ou a simplificar com riffs mesmo à doom, assim com as letras todas. Todos os actos supracitados que partilham o género musical, ou já mudaram ou extinguiram-se. O tal metal gótico de “bela e o monstro” ganhou uma roupagem bem mais colorida. Já não sendo algo a fazer-se em fartura, – até há do bom por cá, se deixaram passar os Insaniae, não desviem atenção dos veteranos Dogma – devemos é colocá-los ao lado dos My Dying Bride na frente de tudo o que seja gótico, melancólico e, acima de tudo, bem feito.

Músicas em destaque:

Sorrow of Sophia, Moon Over Sabaoth, Ascend into Darkness

És capaz de gostar também de:

Theatre of Tragedy, Dogma, Tristania


sobre o autor

Christopher Monteiro

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