Miss Lava

Doom Machine
2021 | Small Stone Records | Stoner rock, Hard rock, Rock psicadélico

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Estamos todos bem tramadinhos e a ser lentamente destruídos por uma “Doom Machine,” que só cresce e ganha cada vez mais força. O problema é que essa “Doom Machine” somos nós e até o sabíamos, mas os Miss Lava têm uma maneira muito mais interessante e apelativa de nos lembrar do poder que ego, ganância e ódio têm em tudo à nossa volta.

Muita circunstância podia ter mudado toda a aura do disco. A nível interno, tragédias pessoais inimagináveis – a perda de um filho – marcaram a banda e a nível geral, o disco cai-nos nas mãos numa negra e estranha pandemia global, que lá faz mais mais mossa ainda ao lembrar-nos que nos impede de ver esta malta ao vivo. Uma escuridão muito densa podia pairar sobre este “Doom Machine, “ por si já de conceito tão pesado, mas os Miss Lava não perderam nada no que diz respeito à sua música animadora e festiva. É um álbum sério e uma viagem introspectiva, sim, mas ainda se passa dentro do caleidoscópio onde vamos buscar aquele hat-trick de luxo que são os discos antecessores.

A favorecer a atmosfera e o psicadélico que sempre fez parte do seu ADN, não deixa de puxar uns bons ganchos stoner, para quem se possa alarmar pela ideia de disco mais ambiental e com espaço para interlúdios. Que seja menos “de deserto,” não faltam malhas para rockar no carro, mesmo que seja disco de funcionar no seu todo, com uma ligação e sucessão lógica. A partir disso tudo até é o álbum mais progressivo dos Miss Lava – e com um tema contínuo, mesmo que não seja um álbum conceptual per se. Localiza-os precisamente onde deveria, após já mais de uma década desde a rockalhada de “Blues for the Dangerous Miles,” com maturidade e uma naturalidade invejável, quer pela diversão, – se estivemos muito envoltos ao longo de todo o disco, ali a “God Feeds the Swine” monta uma festa sozinha ao fim – quer pela abordagem de gravação ao vivo no estúdio, a melhor forma dos Miss Lava darem a conhecer a sua crua honestidade. Que seja disco de múltiplas audições para se tornar mais memorável, mas vamos querer fazê-lo. E, já agora, se também quisermos fazer algo em relação à “Doom Machine” que somos, também dava jeito.

Músicas em destaque:

Fourth Dimension, In the Mire, God Feeds the Swine

És capaz de gostar também de:

Fu Manchu, Stoned Jesus, Killimanjaro


sobre o autor

Christopher Monteiro

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